Património: Profissionais do restauro e conservação pedem «maior reconhecimento»

Numa altura em que se discute o futuro do espólio cultural e artístico da Igreja Católica, especialistas do setor revelam principais dificuldades

Lisboa, 22 jul 2011 (Ecclesia) – A preservação do património cultural da Igreja Católica só dará um salto qualitativo quando “houver maior reconhecimento para os profissionais do setor”, considera Carla Rego, da Escola Superior de Tecnologia do Instituto Politécnico de Tomar.

Em entrevista concedida esta quinta-feira à Agência ECCLESIA, a docente realça que “apesar da existência de algumas parcerias com dioceses, ao nível de aconselhamento, da intervenção e acompanhamento de obras de arte, a classe de conservador restaurador ainda é vista mais como um conjunto de jeitosos do que pessoas formadas”.

Aquela responsável integra o grupo de trabalho criado pela Conferência Episcopal Portuguesa para enfrentar lacunas como a falta de especialistas no tratamento do espólio cultural e artístico ou a inexistência de uma linha de atuação uniforme nesta área, fatores que têm levado à degradação de inúmeras obras de arte.

À margem da primeira reunião do organismo, Carla Rego revelou que “estão a ser feitos esforços no sentido de, até novembro, serem delineados alguns documentos relacionados com boas práticas e avançar com uma base de dados informática que permita acesso rápido a recursos humanos especializados”.

Este trabalho, entre outras entidades, conta com a colaboração da Associação Profissional de Conservadores e Restauradores de Portugal (ARP), que já disponibiliza no seu site oficial um diretório com profissionais e estudantes.

Maria Alexandrina Barreiro, presidente da ARP, lamenta “a forma leviana como são tratadas obras com vários séculos de história, uma situação que afeta mais a área da escultura”.

“As pessoas têm de perceber que, depois de pintarem um altar com tinta Robbialac ou com ouro de imitação, que oxida e fica todo escuro, acabam por ter tudo menos uma peça bonita e original”, aponta.

Em alguns casos, os “atentados” cometidos implicam custos que tornam inviável qualquer hipótese de restauro.

JCP

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