Património: Campanha «Dar luz a esta arte» quer devolver cor e segurança à igreja de São Cristóvão

Fernando Medina anunciou que Câmara Municipal de Lisboa vai apoiar campanha com 100 mil euros

Padre Edgar Clara; Foto Junta de Freguesia Santa Maria Maior

Lisboa, 11 jun 2019 (Ecclesia) – O pároco da igreja de São Cristóvão, em Lisboa, afirmou hoje que a campanha ‘dar luz a esta arte’ quer recuperar os 36 quadros do século XVII e o sistema elétrico que está a pôr em “risco a igreja”.

“Queremos não apenas tirar a escuridão dos quadros, para poder ver as cores que lá estão, mas fazer outra coisa que é colocar em menos risco a própria igreja. Costumo dizer que o quadro elétrico é mais antigo que a própria igreja, estamos à procura de empresas que possam subsidiar esta parte do restauro de todo o sistema elétrico que é uma urgência”, disse o padre Edgar Clara em declarações à Agência ECCLESIA.

A segunda fase de restauro da igreja de São Cristóvão, que foi apresentada esta terça-feira, pretende recuperar as 36 telas do século XVII de Bento Coelho da Silveira, que têm um custo de 350 mil euros, para além do quadro elétrico.

“Uma das coisas que se via é como as pessoas estão felizes, estão contentes em ver que o seu próprio dinheiro foi aplicado para aquilo que ofereceram”, lembrou o sacerdote, contextualizando que no dia em faz anos convida “as pessoas para uma coisa diferente” e “era importante reunir as pessoas” para comunicar o encerramento da primeira fase das obras e lançar o “restauro específico dos quadros”.

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, também esteve na sessão e anunciou que vai doar 100 mil euros e o padre Edgar Clara recorda que, segundo o autarca, “o reconhecimento oficial” do município surge por se verificar um “movimento que era um projeto que as pessoas acarinharam” e não foi apenas a vontade do pároco.

O pároco da igreja de São Cristóvão, no bairro típico de Alfama, explica que estão a planear o restauro “faseadamente”, isto é, “do altar-mor, depois as outras frontais e assim sucessivamente até às telas ao pé da porta”.

Neste contexto, recorda que o presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, Miguel Coelho, também “já disse que ia subsidiar o restauro de um quadro específico”, algo que considera “muito bom” uma vez que pretendem pedir subsídios a empresas e vão “saber” qual é a obra que estão a ajudar a restaurar.

O sacerdote do Patriarcado de Lisboa que festejou 44 anos de idade esta terça-feira lançou também uma campanha de doações online, no seu perfil na rede social Facebook, com o objetivo de angariar 8 mil e 500 euros para a começar a recuperar a tela de São Cristóvão

“As pessoas que ofereceram o donativo terão oportunidade de perceber que deram para aquela tela específica, a mais importante, mais emblemática da igreja”, acrescenta sobre a campanha de angariação de fundos que conta com “440€”.

Segundo o padre Edgar Clara, as pessoas também perguntam como é que podem “participar” com donativos e “pedem um sistema que possam dar através de débito direto” e vão poder colaborar com “10 ou 5 euros por mês”, o que significa que “custa menos e conseguem ser um padrinho destas obras”.

A reabilitação do lugar de culto no bairro típico de Alfama, começou em 2014, quanto o projeto ‘Arte por São Cristóvão’ ganhou 75 mil euros no orçamento participativo do Município de Lisboa, e a partir dai dinamizaram diversas campanhas e iniciativas como venda de biscoitos, conseguiram “mais de 15 mil euros”, e de telhas, noites de fados e arraiais populares, angariando mais de 160 mil euros.

O pároco realça que fizeram obras na fachada e no telhado, e recuperaram duas telas, uma através de crowdfunding e outra num “restauro ao vivo na própria igreja, durante dois meses”, onde as pessoas puderam participar e falar com os técnicos, uma “atividade que pagou o restauro da tela”.

A igreja histórica de Lisboa resistiu ao terramoto de 1755 e o sacerdote tem “a certeza” que “é possível recuperar a igreja e salvá-la do século XX”, que causou “imensas patologias, doenças” ao património, “por causa da poluição, do ambiente”, e por ter estado fechado como São Cristóvão que “durante muitos anos abria pouco tempo e foi menos arejada”.

O padre Edgar Clara conta ainda que cada vez que fazem “um trabalho aparece uma surpresa”, como a descoberta do “problema grave”, que descobriram na primeira fase, “da pedra de fecho do altar-mor deslizou 8 centímetros” nos terramotos e “são precisos 40 mil euros para devolver a pedra ao sítio original”.

“Umas das coisas que nos comprometemos é ir comunicando às pessoas como a campanha está a correr, o dinheiro que fizemos”, realça ainda, destacando que existe o sítio online www.arteporsaocristovao.org/, onde também se podem fazer donativos, e a página na rede social Facebook para “seguir as atividades”.

Desde 2015, que a igreja de São Cristóvão também faz parte do programa Watch da World Monuments Fund, sendo “o primeiro edifício religioso nacional a conseguir integrar esta lista”.

CB

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