Cerca de três centenas de instituições procuram apoiar a faixa mais pobre e desfavorecida da população O Patriarcado de Lisboa está empenhado em dar a conhecer a toda a sociedade o vasto trabalho desenvolvido na área social, em especial junto das faixas mais pobres e desprotegidas da população. Falando aos jornalistas, num encontro que decorreu esta Terça-Feira no Mosteiro de São Vicente de Fora, D. José Policarpo destacou tudo o que de “positivo” se realizada em âmbito eclesial”. O Pe. Francisco Crespo, director do Departamento da Pastoral Sócio-Caritativa (DPSC) do Patriarcado, apresentou o “imenso trabalho social realizado diariamente” em mais de 190 IPSS do Patriarcado de Lisboa, que prestam serviços tão diversificados como os ATL´s, cursos de alfabetização, assistência à terceira idade, apoio à maternidade, ajuda aos imigrantes, distribuição de alimentos ou assistência médica, entre outros. O Cardeal-Patriarca lembrou que muitas das intervenções da Igreja no sector social foram “supletivas”, quando mais ninguém fazia, como no caso dos ATL’s. Agora, defende, há que integrar “as nossas respostas de qualidade”. Nesse sentido, espera que o Estado englobe na rede do pré-escolar o que “há de melhor” nas instituições da Igreja, e “não faça o mesmo que fez há uns anos quando abriu escolas à porta das nossas escolas”. D. José Policarpo considera mesmo que seria “um desperdício para a Nação” excluir da rede que está a ser desenhada pela Administração Central creches e jardins de infância ligados à Igreja. Apresentando o programa da sua Diocese para 2007-08, o Patriarca sublinhou a importância do “vasto parque de instituições (da Igreja) que é preciso dinamizar, sobretudo na linha da qualidade, com preparação contínua das pessoas que trabalham nessas instituições”. O Cardeal lisboeta indicou que “as instituições da Igreja são um serviço”, pelo que “não podem pura e simplesmente ser consideradas como privadas”. Num país marcado pela identificação entre o público e o estatal, as instituições eclesiais têm dificuldade em ver reconhecido “um cariz de natureza pública”, na linha da cooperação estabelecida pela Concordata de 2004. O Pe. Francisco Crespo, ex-presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, indicou aos presentes que “o Estado parece querer abarcar tudo”, queixando-se da falta de espaço “para a negociação” e da cada vez maior exigência de qualidade nos equipamentos e nos recursos humanos. Este responsável perguntou se o preço será pago pelas famílias “já sobrecarregadas de impostos”, os “mais desfavorecidos” ou os “desempregados”, “as instituições ou os seus trabalhadores”. P Perante o “esquecimento da matriz cristã da sociedade portuguesa”, o director do DPSC criticou o “silenciamento do trabalho da Igreja no campo da solidariedade”. Noutro âmbito, D. José Policarpo apresentou como preocupação da pastoral a questão das paróquias e da presença da Igreja na cidade, falando da necessidade de “adaptar a paróquia aos tempos modernos, torná-la uma forma de proximidade da Igreja a todos os cristãos e apetrechá-la com um dinamismo que a torne missionária e factor da caridade”. O Patriarca de Lisboa revelou ainda que, como preparação do Sínodo dos Bispos de 2008, está a ser realizado um inquérito às comunidades, espécie de “radiografia da Palavra de Deus” na Diocese.