Das pagelas aos canivetes, memórias dos peregrinos

Exposição em Lisboa assinala os 90 anos das Aparições de Fátima com vários olhares sobre o fenómeno Foi hoje inaugurada no Mosteiro de São Vicente de Fora, a exposição “Memórias, Sinais, Afectos”, nos 90 anos das Aparições de Fátima, que apresenta 474 peças. O visitante pode encontrar, ao longo de várias salas, os mais diversos objectos relacionados com Fátima, desde as populares pagelas a outros menos convencionais, como canivetes ou isqueiros. Testemunhos da devoção popular chegam logo desde Outubro de 1917, numa imagem que ainda não corresponde à descrição dos Pastorinhos. A diversidade das representações é grande e várias ainda não têm a coroa, incorporada na iconografia de Fátima apenas vários anos depois das Aparições. Nesta exposição, aberta ao público até Janeiro de 2008, são evocados “os testemunhos de buscas espirituais, desde o fenómeno originário da vivência dos pastorinhos, até ao modo como cada peregrino recorre, nos limites da sua procura, à comunhão com a potência daquele precioso lugar”. D. Carlos Azevedo, coordenador geral da exposição, explica que a exposição recolhe objectos de um coleccionador de Lisboa e dez imagens de grandes autores, entre as quais “peças que não estamos habituados a ver”, desde Almada Negreiros a Barata Feyo, passando por Teixeira Lopes, Irene Vilar ou Luís Cunha. A este lado mais “erúdito” soma-se uma vertente “popular”, que retrata recordações que as pessoas traziam de Fátima. Uma capa da Irmã Lúcia e um terço feito por ela são peças da exposição, a que se somam o pilar onde estava a imagem da Senhora de Fátima, inicialmente, e um filme de Fátima em 1929. Correspondência da Vidente e de Bispos de Leiria-Fátima, relíquias da azinheira e de água de Fátima, pagelas, bilhetes postais, bandeirinhas utilizadas na procissão do adeus (e não lenços brancos). Autores literários fizeram legendas para algumas fotografias, na parte final da exposição, como sinal de que “mesmo a literatura actual tem um olhar sobre Fátima”. Os temas da luz, da terra e da água enquadram todo o espólio apresentado. Na apresentação do catálogo da obra, D. Carlos Azevedo explica que “o ponto de partida desta difícil exposição veio do conhecimento de um coleccionador apaixonado por Fátima, Francisco de Noronha e Andrade. Seria impensável arrancar para esta aventura sem essa base impulsionadora”. Marco Daniel Duarte, a preparar doutoramento na Universidade de Coimbra sobre arte de Fátima e já com bibliografia sobre o tema, é o Comissário científico da exposição. D. José Policarpo lembra, no catálogo da exposição, que Fátima era em 1917 território da Diocese de Lisboa e evoca a “longa peregrinação de todo um Povo”, que “começou e ainda não terminou”.

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