D. José Policarpo alertou este Domingo para a leitura incorrecta que muitas vezes é feita aos chamados textos apócrifos, não reconhecidos pela Igreja como parte da Bíblia. “No nosso tempo, fruto da historiografia e do estudo dos próprios textos bíblicos, há uma curiosidade acrescida por esses textos”, admitiu, frisando que “há tendência para os considerar em paralelo com os verdadeiros Evangelhos ou mesmo de se lhes contrapor”. “É uma curiosidade justa se for apenas cultural. Mas continua a ser a Igreja que, na Liturgia e no Magistério, indica ao Povo de Deus quais são os livros que, porque inspirados, nos comunicam a Palavra de Deus, sublinhou o Cardeal-Patriarca. Na sua quarta catequese quaresmal, dedicada ao tema “A Escritura e a Igreja”, o Patriarca de Lisboa lembrou que “tanto no Antigo como no Novo Testamento, ao lado dos livros que hoje integram a Sagrada Escritura, surgiram outros textos”, considerados “apócrifos” pela Igreja. “Foram vários os critérios deste discernimento, sendo o principal a recepção, isto é, o modo como eram acolhidos nas comunidades crentes. Foram estas que, ao ritmo da fé, foram identificando os verdadeiros livros inspirados”, indica. “Uma equação desajustada da relação da Igreja com a Escritura, teve consequências graves na compreensão da própria Igreja, enquanto experiência comunitária de fé de um povo crente”, alertou. D. José Policarpo apelou ainda a uma “leitura objectiva” da Bíblica, indicando que “o facto de o Magistério ser a última instância da interpretação da Escritura, não é uma questão de poder, mas de serviço”. “Na leitura pessoal ou em grupo, na leitura de teorias exegético-teológicos, numa época marcada pela valorização da busca individual da verdade, a tentação de uma leitura pessoal e subjectiva da Escritura é real, reduzindo o Magistério ao nível da opinião”, lamentou. Notícias relacionadas • Catequese do Cardeal-Patriarca no 4.º Domingo da Quaresma