Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana pede reflexão alargada sobre futuro da sociedade
Fátima, 19 out 2022 (Ecclesia) – D. José Traquina manifestou hoje a sua preocupação com a sustentabilidade das Instituições Sociais, que enfrentam dificuldades para responder às necessidades da população em situação de pobreza.
“Neste momento a situação é muito complicada. Estamos a viver um momento em que é difícil vislumbrar a sustentabilidade das instituições. Algumas, pela sua grandeza e capacidade de resposta, necessitam da atenção do Ministério (Trabalho, Solidariedade e Segurança Social), porque não se trata de uma ajuda pontual, mas uma resposta organizada”, explicou o presidente pela Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana (CEPSMH), no final do 34º Encontro de Pastoral Social, que decorreu em Fátima.
O responsável indicou que algumas instituições estão a vender “património para conseguir sobreviver”.
“As instituições têm despesas e funcionários, não há como fugir dessa responsabilidade”, precisou.
D. José Traquina afirmou que o próprio Estado conta com as respostas dadas pelas Instituições Sociais, “respostas que não dá nos seus serviços” e que são realizadas “pelos mínimos de custos”.
“Temos tido capacidade e acolhimento da ministra da Segurança Social que tem mostrado capacidade de diálogo para olhar os problemas e dialogar sobre eles. Espero que essa capacidade se mantenha com objetividade e realismo, dando às instituições meios e capacidade para responder à realidade”, adiantou.
O presidente da CEPSMH manifestou preocupação com as “famílias, empresas”, problemas que se estendem às instituições, afirmando estar em curso uma “necessária reflexão sobre o futuro da sociedade”.
“Devemos pensar a sociedade de que precisamos, que pessoas precisamos para a construir”, indicou.
Inês Espada Vieira, por sua vez, desafiou os participantes do a questionar-se, perante uma fronteira, “de que lado estão?”.
“Importa reconhecer as fronteiras politicas e forçadas pelas migrações, forçadas pelo clima e pelas guerras, mas entender que a realidade quotidiana são também lugares de fronteiras e ai podemos optar: Como vou habitar esse lugar? A pergunta «De que lado estou?» é uma questão geográfica mas também ética e a Igreja tem de estar sempre do lado do bem, da ação transformadora”, afirmou a docente da Universidade Católica Portuguesa.
A vice-presidente do Centro de Reflexão Cristã afirmou a importância de “equilibrar o olhar” perante o lugar da fronteira: “pode ser de facto o lugar humanista e metafórico, que podemos habitar no diálogo, mas é o lugar da emergência, que conhecemos, por exemplo, das fronteiras da Europa. No final não são conceitos, são pessoas”.
A docente realçou que a reflexão sobre a fronteira “desafia as instituições sociais” a manter prosseguir o “papel inspirador” d e quem está na “linha da frente” e perante “o sofrimento duro dos outros”.
“Podemos fazer diferente e fazer melhor. É sempre possível. Há imperfeições na nossa ação. A formação, a capacitação de quem lida com as realidades periféricas deve ser sempre uma atenção nossa. O que cada um pode fazer, no seu contexto, até onde o braço alcança. E às vezes há coisas muito simples a fazer para dar um lugar às pessoas”, convidou.
O 34.º Encontro da Pastoral Social, com o tema ‘A pandemia, a guerra e os pobres’, foi uma organização conjunta do Secretariado Nacional da Pastoral Social e da Comissão Nacional da Pastoral da Saúde.
LS
Notícia atualizada às 17h19