Pastoral do Turismo vai ter um departamento nacional

D. Januário Torgal Ferreira, presidente da Comissão Episcopal de Migrações e Turismo, revela à Agência ECCLESIA os projectos de futuro para que a Igreja em Portugal não permaneça afastada do mundo do turismo D. Januário Torgal Ferreira, presidente da Comissão Episcopal de Migrações e Turismo, revela à Agência ECCLESIA os projectos de futuro para que a Igreja em Portugal não permaneça afastada do mundo do turismo. Agência ECCLESIA – A Comissão Episcopal de Migrações e Turismo decidiu promover um Inquérito Nacional sobre a acção da Igreja Católica na área do turismo (ver notícia relacionada). Como foi recebida a ideia? D. Januário Torgal Ferreira – O inquérito acabou por ser muito positivo, com a participação de metade das dioceses portuguesas. As respostas que recebemos demonstram que há acções pastorais organizadas e algumas delas com uma certa frequência, confirmando um desejo que tínhamos: a pastoral do turismo, pelo facto de não ter uma cúpula de convergência de experiências, que seria um departamento na Comissão Episcopal, não deixa de existir. AE – Já foi possível tirar conclusões? JTF – Podemos dizer que o turismo tem uma Pastoral mais significativa nas dioceses em que há mais turismo, onde há mais turistas. Mesmo numa sondagem sem grande rigor científico, é possível uma aproximação às bases de cada uma das dioceses. Além disso, a iniciativa foi importante para ouvir as diferentes sensibilidades e parece-nos que esse trabalho, que é magnífico, deveria ser incrementado por uma departamento nacional. AE – Vai então surgir a figura de um coordenador nacional para o turismo? JTF – O que nos parece é que precisaríamos de alguém – um leigo ou um padre – que coordenasse, de facto, estas acções diocesanas. O departamento nacional que pretendemos teria lugar no âmbito da Comissão Episcopal para as Migrações e Turismo, onde já há departamentos para as migrações, o apostolado do mar e a pastoral dos ciganos. O próprio nome “Migrações e Turismo” não é justo para muita gente, pois quem migrou por motivos de pobreza não vai passear e gostaríamos de retirar esse aspecto pejorativo, optando por falar no grande fenómeno da mobilidade humana. AE – Que áreas se poderiam privilegiar nesta acção? JTF – A pastoral do turismo não é apenas organizar eventos. Com todo o respeito pelas coisas espectaculares que se relacionam com o turismo religioso, não se pode reduzir a acção pastoral a visitas a santuários ou o fomento de peregrinações, que têm lugar. Do meu ponto de vista, é preciso criar coisas novas, no acolhimento a turistas dentro do próprio espaço diocesano. Não se trata de ir lá fora, ver santuários, mas de ter contactos com os turistas que nos visitam, cá dentro. É uma presença evangelizadora solicitar a visita ao património, organizando mais acontecimentos ligados a fenómenos de arte. Também é possível aproveitar características geográficas únicas, como em aldeias históricas de beleza ímpar e que têm o grande sentido comunal na sua organização, algo que é uma manifestação de solidariedade e de cultura. Neste cruzamento de várias linhas é que eu acho que a Igreja se deveria posicionar, mas faltam-nos pessoas para constituir esse departamento. AE – Sente-se que há uma falha na formação de agentes pastorais e de técnicos operadores turísticos… JTF –A Universidade Católica Portuguesa tem estado a formar pessoas nesta área, e as estruturas da Igreja em Portugal têm uma lacuna a esse respeito. Faltam pessoas capazes de dar uma visão evangelizadora do turismo. A nossa responsabilidade tem, agora, de ser maior, assumindo publicamente a dificuldade em recrutar elementos qualificados. Não temos encontrado ninguém que esteja livre, para nos sentarmos à mesa e pensarmos estes problemas, mas não vamos desistir. AE – Vamos ver uma preocupação constante por parte da Comissão Episcopal? JTF – Aumentou em nós a percepção de que o fenómeno da mobilidade é um mundo de gente que se cruza connosco e a quem não dizemos nada do ponto de vista evangelizador. A experiência do Euro-2004 foi muito importante, porque as dioceses que receberam os adeptos organizaram-se, publicaram desdobráveis em várias línguas, chamaram voluntários para que as igrejas estivessem abertas e os visitantes fossem acolhidos. Há aqui um mundo de coisas a fazer: a Liturgia em várias línguas, algo que é raro no nosso país – não quero ser injusto, mas é o que eu vejo quando vou pelo país fora, mesmo cruzando algumas regiões mais turísticas. Posso mesmo dizer que aqui na nossa vizinha Espanha é perfeitamente normal nós entrarmos numa igreja e os textos da celebração eucarística dominical serem entregues em espanhol, francês e inglês. Podemos começar, então, por coisas muito simples, mas que são fundamentais. Notícias relacionadas • A Igreja portuguesa aposta no turismo

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