Bispos católicos deixam mensagem de esperança para a celebração da ressurreição de Jesus Cristo, apontando ao pós-pandemia
Lisboa, 04 abr 2021 (Ecclesia) – A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) recorda o impacto da Covid-19, na sua mensagem para Páscoa, que se celebra hoje pela segunda vez em contexto de pandemia.
“A mesa com Cristo leva-nos à missão e à proximidade com quantos são atingidos pela pandemia e sofrem nos lares, nos hospitais e nas instituições, pedindo a bênção de Deus e a recuperação da saúde e da esperança”, escrevem os bispos católicos, num documento intitulado ‘A esperança da Páscoa’.
O texto, enviado à Agência ECCLESIA, evoca a “dor das famílias” que perderam os seus entes queridos, “confiando-os aos braços misericordiosos do Ressuscitado”, e a “angústia dos que perderam ou viram substancialmente reduzidos os seus rendimentos necessários a uma vida condigna”.
“Renovamos a nossa gratidão pela heroicidade e dedicação à dignidade da vida humana: aos profissionais de saúde e de segurança, aos voluntários e a todas pessoas que fazem avançar a história da humanidade nos serviços essenciais e quotidianos ao bem comum”, refere a CEP.
Segundo os responsáveis católicos, “é nos gestos de amor, de partilha, de serviço, de encontro, de fraternidade” que é possível encontrar Jesus Cristo vivo, “a transformar e a renovar o mundo”.
O encontro com o Ressuscitado transfigura o coração e é a razão para acolher o precioso dom e o compromisso da fraternidade e do cuidado integral. Infelizmente, pelo segundo ano consecutivo, o anúncio pascal chega em tempo de crise pandémica, que desterra a paz e a felicidade. Da Quaresma à Páscoa é uma grande peregrinação de Esperança”.
Apesar desta situação “dolorosa”, a CEP convida a manter viva a “esperança da Páscoa”.
“Sem ela a vida torna-se árida, insuportável, sem sentido. Cristo ressuscitado e glorioso é a fonte profunda da nossa esperança viva”, indicam os bispos católicos.
Ao contrário do que aconteceu em 2020, por causa da pandemia, as celebrações deste ano vão contar com a participação de assembleia.
A CEP determinou o regresso das celebrações públicas da Missa, a partir de 15 de março, mantendo a suspensão de procissões e outras manifestações populares, entre elas o tradicional “compasso” da Páscoa.
Os bispos apontam, por isso, à importância da celebração da Páscoa “nas casas e nas famílias”.
“A mesa é o lugar da partilha do pão e do dom da comunhão. A mesa continua a ser o lugar do dom da Páscoa: mesa da Palavra, mesa da Eucaristia e mesa da caridade fraterna. Aqui acontece o milagre da fraternidade cristã”, indicam.
A nota alarga a sua intenção para o impacto global da pandemia, observando que “nunca ninguém pensou que pudesse ter tantas e tão graves consequências para a humanidade”.
“Devemos entender a crise como um desafio à coragem criativa e à confiança crente. Desta crise temos de sair melhores”, apontam os bispos católicos.
A CEP dirige-se aos sacerdotes, aos diáconos, às pessoas consagradas e às famílias cristãs, encorajando todos a “renovar as promessas batismais para prosseguirem nos caminhos da reconciliação e da conversão”.
“A fé, a esperança e a caridade que nascem e renascem da Páscoa frutificam, quando nos tornam mais irmãos e cidadãos mais ativos para se realizar a justiça e a paz, o perdão e o amor”, realça a nota.
A Páscoa é a festa central dos cristãos e já no século II há notícia da sua celebração anual; tem as suas raízes na saída do Povo de Israel do Egito, relatada no livro bíblico do Êxodo, e estava ligada a um calendário lunar, não ao atual calendário solar de 12 meses: nos primeiros séculos, as Igrejas do Oriente celebravam a Páscoa como os judeus, no dia 14 do mês de Nisan, ao passo que as do Ocidente a celebravam sempre ao domingo.
O Concílio de Niceia, no ano 325, apresentou prescrições sobre o prazo dentro do qual se pode celebrar a Páscoa – o primeiro domingo depois da lua cheia que se segue ao equinócio da primavera (4 de abril, em 2021).
OC
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