D. Manuel Quintas incentiva ir ao encontro dos outros, com os cuidados necessários ninguém se contagiar com o coronavírus
Faro, 05 abr 2020 (Ecclesia) – O bispo do Algarve admitiu o impacto pessoal e institucional do isolamento social provocado pela pandemia, numa mensagem pascal em que pede ás comunidades católicas que se deixem “contagiar pelo amor de Cristo”.
“Deixemo-nos contagiar pelo amor de Cristo, pela esperança, pela alegria, pela força da Ressureição que brota desta Páscoa que nos preparamos para celebrar. Procuremos ser sinal desta esperança onde estamos, contagiemos os outros, não esmoreçamos, Cristo ressuscitou para não esmorecermos, tal como disse a Lázaro sai desse túmulo, saíamos também, não nos deixemos tumular por este vírus que quer destruir-nos, antes de destruir o corpo, o nosso ânimo, a nossa coragem, a nossa alegria, a nossa esperança”, disse D. Manuel Quintas.
Em declarações à Agência ECCLESIA e ao jornal diocesano ‘Folha de Domingo’, o prelado destacou que a Páscoa “é a festa da esperança”, concretizada na ressurreição de Cristo, e o bispo do Algarve gostaria que “a dimensão Pascal que deve ter a vida inundasse os corações” dos diocesanos e “fosse uma fonte de esperança e tanto quanto possível de alegria”.
D. Manuel Quintas referiu que “não tem sido fácil viver este isolamento pastoral”, a “dificuldade em estar com as pessoas”, mas “apesar de não poder passar pelas comunidades”, onde se sente “verdadeiramente pastor, e “nunca” deixaram de estar no seu coração.
Continuais agora de maneira ainda mais viva no meu coração de pastor porque sei que é quando o rebanho se sente fraco que o pastor abre mais o seu coração para que todos nele tenham lugar”.
O bispo do Algarve explicou que neste tempo de isolamento social “não há propriamente isolamento pastoral”, e dá como exemplo que em 15 dias gastou “o dobro” que costuma gastar por mês com o telemóvel, por isso, “há sempre esta forma de contacto”.
“Nada dispensa estar próximo das pessoas, estarmos juntos, estarmos unidos, confortamo-nos mutuamente, também com laços que exprimem esse afeto que o pastor deve ter com as suas ovelhas. Por isso não tem sido fácil e há algum desconforto a esse nível. Sentimos que nos falta alguma coisa”, desenvolveu.
D. Manuel Quintas assinala que se vive “um tempo único, também liturgicamente que é a Quaresma” e que coincide com este tempo de emergência, que “não estava nos programas quaresmais” e todos que têm fé olham para esta situação “com um olhar de fé”.
“Sinto alguma relutância em falar de benefício porque onde há morte, onde há sofrimento tudo aquilo que é benefício fica muito reduzido mas Deus serve-se também destas situações como esta que vivemos de pandemia para nos abanar, para nos alertar, para nos ajudar a fixar no essencial”, acrescentou.
Neste contexto, o bispo do Algarve explica que o essencial “são sempre os outros”, a atenção que se dedica aos outros e “o espaço” que as pessoas encontram na sua vida para os outros, “sobretudo em ambientes familiares, comunitários”
“Que lugares ocupam os outros na minha vida, que lugar ocupa o outro que é Deus na minha vida? Tem sido para mim verdadeira interpelação nesta Quaresma, tendo mais tempo para mim que procuro que seja mais tempo para Deus leva-me a valorizar aquilo que tem valor”, explicou.
D. Manuel Quintas deixou o apelo a cada um “fazer tudo” para não se contagiar com o novo coronavírus Covid-19, “nem contagiar os outros”, e “fazer tudo o que está ao alcance para ir ao encontro daqueles que estão contagiados”, daqueles que precisam de uma palavra, “estímulo, apoio”.
Ao longo da Semana Santa, a ECCLESIA publica mensagens em vídeo dos bispos portugueses, com a colaboração dos serviços diocesanos, a respeito da celebração da Páscoa em tempos de pandemia.
CB/OC
A Agência Ecclesia agradece às várias dioceses o envio da gravação das mensagens pascais