D. António Moiteiro salientou que este momento «tem de ser um desafio» para os cristãos
Aveiro, 06 abr 2020 (Ecclesia) – O bispo de Aveiro está em casa, a viver o isolamento social imposto pela pandemia Covid-19, onde se preocupado com toda a diocese, e partilha uma mensagem pascal de ressurreição e confiança em “novos tempos, nova Páscoa, nova vida”.
“A Páscoa tem de ser para nós cristãos um desafio a sermos de uma forma mais autêntica rosto de Jesus ressuscitado para os irmãos, viver a vida de uma forma alegre, de entrega aos outros, é viver como ressuscitados”, disse D. António Moiteiro.
Em declarações à Agência ECCLESIA e à Diocese de Aveiro, o prelado explicou que a Páscoa é a celebração do “mistério pascal de Jesus, que é o mistério da sua cruz, e o mistério da sua Ressureição” e hoje vive-se esse “mistério da cruz de Jesus de uma forma muito intensa”.
Neste contexto, D. António Moiteiro lembrou os idosos, “que estão sozinhos ou mesmo confinados nos lares sem puderem sair”, e tantas famílias “confinadas nas suas casas, com filhos pequenos,” e a “dificuldade que têm de manter uma atividade normal”.
“A cruz de Cristo é uma passagem para que no dia de Páscoa de manhã possamos celebrar a vitória de Jesus sobre a morte, a sua própria vida, a sua Ressureição”, assinalou.
D. António Moiteiro está “convencido” que esta crise provocada pelo coronavírus Covid-19 “vai proporcionar novos tempos, nova Páscoa, nova vida”, e realçou quatro aspetos “em que a vida tem de mudar”.
Para o bispo de Aveiro, primeiro a economia tem de ser “mais solidária onde não é possível que as desigualdades sociais cresçam”, onde “os ricos são cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres”; depois considera “absolutamente necessário cultivar valores de solidariedade, de ajuda mútua, de defesa dos mais fracos” e também “defesa intransigente da vida desde a sua conceção até à morte natural”, e em quarto lugar o olhar para o planeta e “construir uma ecologia humana, ecologia social”.
D. António Moiteiro explicou que, “como qualquer português” nestes dias de estado de emergência, também tem “ficado em casa, guardando este período de isolamento que é proposto”, quer pelas autoridades civis, quer também pelas autoridades sanitárias.
O primeiro serviço que podemos fazer é ficarmos em casa, de quarentena, para que possamos salvaguardar o maior número possível de pessoas e, no caso de estarmos infetados, não proporcionarmos que esta pandemia se alargue”.
Na casa episcopal de Aveiro vivem quatro sacerdotes e uma consagrada e o bispo adianta que têm “um programa de vida espiritual” para estes dias – 08h30 laudes, às 17h30 uma hora de adoração e às 18h30 a Eucaristia com vésperas – e tem “ocupado” o tempo no estudo, na leitura e está também “a elaborar um documento prévio segundo o plano pastoral sobre o sacramento do matrimónio”, na sequência do que fizeram sobre as orientação para a celebração dos sacramentos de iniciação cristã, para “depois ser trabalhado pelos sacerdotes e pelos conselhos laicais”.
D. António Moiteiro revelou também que tem “ultrapassado o isolamento pastoral de diversas formas”, a começar pelo contacto com a diocese na Eucaristia dominical, às 10h00 na Sé, “transmitida para toda a diocese online”, já telefonou a “todos os sacerdotes” a quem manifestou “comunhão, oração, dizendo que não estão sozinho”.
“Tenho-me preocupado com os sacerdotes que têm nas suas paróquias lares de idosos. Também uma palavra de comunhão e presença, são momentos muito difíceis; também tenho telefonado a pessoas que sei que estão sozinhas”, acrescentou o bispo de Aveiro, lembrando que no dia 28 de junho está agendada a “celebração diocesana a festa das famílias”, em que os sacerdotes vão ter a sua Missa Crismal.
“Vai ser oportunidade para que o povo de Deus em maior número participe neste momento que é tão importante na vida de uma diocese”, assinalou D. António Moiteiro, que escreveu também uma mensagem para a diocese.
Ao longo da Semana Santa, a ECCLESIA publica mensagens em vídeo dos bispos portugueses, com a colaboração dos serviços diocesanos, a respeito da celebração da Páscoa em tempos de pandemia.
CB/OC
A Agência Ecclesia agradece às várias dioceses o envio da gravação das mensagens pascais