Paquistão: Polícia disparou contra autocarro escolar e matou duas alunas

De passagem por Portugal, bispo de Lahore pede que governo proteja «mais as instituições e as pessoas que estão empenhadas na educação e na saúde»

 

 

Lisboa, 23 mai 2023 (Ecclesia) – A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) informou que um agente da polícia, que fazia segurança a uma escola católica feminina no noroeste do Paquistão, disparou contra um autocarro escolar, matando duas estudantes.

“Sentimo-nos ameaçados e inseguros no meio do terrorismo crescente no país. Isto é lamentável. Exigimos que o guarda seja punido para evitar uma tragédia como esta no futuro”, disse o arcebispo de Islamabad-Rawalpindi, divulga o secretariado português da AIS.

A fundação pontifícia refere que as estudantes eram alunas de uma escola das Irmãs da Apresentação da Bem-Aventurada Santíssima Virgem.

o polícia, identificado como Muhammad Alan Khan, foi “contratado em fevereiro como segurança”, e, segundo o arcebispo de Islamabad-Rawalpindi, D. Joseph Arshad, já tinha sido “suspenso duas vezes por comportamento violento”.

A AIS recorda que a Igreja apelou às escolas católicas paquistanesas para realizarem um dia de oração em solidariedade com as vítimas deste ataque, no dia 16 de maio.

A fundação pontifícia assinala que “este incidente veio despertar memórias de outros graves” que aconteceram nesta região, como o caso de Malala Yousafzai, a jovem Prémio Nobel da Paz, que foi baleada na cabeça quando regressava da escola, aos 15 anos de idade, em 2012, por fazer campanha contra a proibição da educação das mulheres pelos talibãs paquistaneses.

De passagem por Portugal, o arcebispo paquistanês de Lahore comentou a agressividade de sectores mais radicais da sociedade, “algumas pessoas não concordam com a educação das mulheres”, explicando que há quem pense “que Católicos e Cristãos”, estão a educar as mulheres, porque têm “algumas escolas exclusivamente para raparigas”.

D. Sebastian Shaw, que esteve na inauguração de uma exposição da Fundação AIS sobre o rapto e conversão forçada de raparigas cristãs no Paquistão e em outros países do mundo, em Évora, disse que vão “continuar a educar, totalmente, onde quer que haja um homem ou mulher, um rapaz ou uma rapariga”, afirmando que o governo paquistanês “tem de proteger mais as instituições e as pessoas que estão empenhadas na educação e na saúde”.

No seu mais recente relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, a fundação pontifícia alerta que a religião “continua a ser uma fonte de discriminação e de negação de direitos” no Paquistão, e recorda que o Departamento de Estado norte-americano designou este país asiático “como um País Particularmente Preocupante”, em 2018.

CB/OC

 

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