Asif Pervaiz é acusado de blasfémia, por enviar mensagem considerada «insultuosa» pelo telemóvel
Lisboa, 11 set 2020 (Ecclesia) – A fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) informou que Asif Pervaiz, cristão de 37 anos, foi condenado à morte na última terça-feira por um tribunal de Lahore, no Paquistão.
“Pervaiz, que está sob custódia policial desde 2013, é acusado de blasfémia ao ter enviado mensagens consideradas difamatórias através do seu telefone”, indica um comunicado do secretariado português da AIS enviado hoje à Agência ECCLESIA.
O advogado deste cristão, Saif-ul-Malook – que também já defendeu Asia Bibi, atualmente no Canadá, da acusação de blasfémia– adiantou que vai recorrer da sentença.
Trabalhador numa fábrica de roupas, Asif Pervaiz teria sido incentivado pelo seu supervisor a converter-se ao Islão, algo que, diz, sempre recusou.
Pervaiz alegou, perante o tribunal, que o cartão do seu telemóvel teria sido roubado antes do envio dos textos.
Joel Amir Sohatra, um antigo membro do Parlamento Provincial do Punjab, contesta as acusações, em mensagem enviada ao secretariado da AIS em Lisboa: “Como pode um homem inculto escrever um texto blasfemo quando todos sabem quais serão as consequências disso?”.
Falando desde o Canadá onde reside desde há cerca de 15 meses, Asia Bibi voltou a erguer a sua voz em favor das vítimas de intolerância religiosa no Paquistão.
“Como vítima, estou a falar por experiência própria. Sofri muito e passei por tantas dificuldades, mas agora estou livre e espero que essas leis possam ser alteradas de forma a prevenir qualquer abuso”, disse.
O relatório “Perseguidos e Esquecidos?” – sobre os cristãos oprimidos por causa da sua fé, produzido pela Fundação AIS e respeitando o período entre 2017 e 2019 – considera que, no Paquistão, “os cristãos estão sujeitos a perseguições violentas e discriminação, muitas vezes diretamente ligadas à famosa Lei da Blasfémia, desde que esta foi aprovada em 1986”.
Segundo a Comissão Justiça e Paz do Paquistão, organismo da Igreja Católica, houve 232 cristãos vítimas da Lei da Blasfémia, nos últimos 30 anos, o que significa cerca de 15% do total de casos.
OC