Sawan Masih faz parte de um grupo de 33 homens e mulheres que enfrentam pena de morte ou prisão perpétua por alegadamente terem ofendido Maomé
Lisboa, 03 abr 2014 (Ecclesia) – Um cristão paquistanês condenado à morte por ter alegadamente cometido blasfémia, no seu país, recorreu da sentença denunciando que as acusações têm como única base retirar a minoria cristã das suas terras e propriedades.
Num comunicado publicado através da sua página de internet, a Fundação Ajuda a Igreja que Sofre (AIS) explica que “Sawan Masih foi condenado por ter insultado o profeta Maomé durante uma conversa com um amigo muçulmano, ocorrida no bairro de Joseph Colony, em Lahore, em Março do ano passado”.
A Defesa entregou agora um “recurso no Supremo Tribunal de Lahore contra a sentença de morte”, pedindo a sua absolvição e libertação imediata”, uma vez que considera que as provas contra o arguido foram “forjadas”.
Além de Sawan Masih, de 26 anos, estão atualmente no corredor da morte no Paquistão mais 14 pessoas, entre as quais Asia Bibi, uma jovem cristã e mãe de cinco filhos cujo processo já se arrasta há vários anos.
Existem ainda outras 19 pessoas que foram condenadas a prisão perpetua por terem alegadamente insultado o Islão, tudo com base no artigo 295, B e C, do Código Penal paquistanês.
A secção B refere-se a ofensas contra o Alcorão que são puníveis com prisão perpétua; a secção C refere-se a atos que enxovalham o profeta Maomé, puníveis com prisão perpétua ou com a morte.
No caso de Sawan Masih, a Fundação solidária dependente da Santa Sé, que apoia comunidades cristãs em mais de 140 países, adianta que “quando se soube da acusação, mais de 3 mil muçulmanos invadiram Joseph Colony, incendiando cerca de uma centena de casas”.
Segundo um relatório recentemente publicado nos Estados Unidos da América, o Paquistão é o país onde a lei da blasfémia é mais vezes invocada.
Recentemente, a Comissão dos Direitos Humanos do Paquistão, organização não- governamental de nível nacional, alertou para a existência de uma “onda de intolerância” contra os cristãos.
O organismo lamentou também a cobertura que está a ser dada aos episódios de violência levados a cabo pela comunidade muçulmana, que representa mais de 97 por cento da população paquistanesa.
AIS/Fides/JCP