Este Sábado, os 217 delegados com direito a voto têm em mãos a tarefa de definir o perfil do sucessor do Pe. Peter-Hans Kolvenbach Os participantes na 35.ª Congregação Geral da Companhia de Jesus que têm a responsabilidade de eleger o novo Geral entraram há pouco mais de uma hora na sala de eleições. Com eles, levam uma mensagem do Papa exigindo obediência e a promoção da “verdadeira e sã doutrina católica”. Alguns dias antes de apresentar a sua renúncia ao cargo de Geral da Companhia de Jesus, o Pe. Peter Hans Kolvenbach recebeu uma carta pessoal do Papa, que é hoje publicada pelo jornal do Vaticano, L’Osservatore Romano. Bento XVI pede “fidelidade” e um compromisso dos Jesuítas perante os desafios da “cultura secular”. Em continuidade com os pronunciamentos de seus predecessores, o Papa evoca na sua carta o laço particular que liga a Companhia de Jesus ao Sucessor de Pedro, expresso no “quarto voto” de especial obediência ao papa como definido na “Fórmula” de fundação de Santo Inácio: “Militar por Deus sob o estandarte da Cruz e servir somente o Senhor e a Igreja sua esposa, a disposição do Romano Pontífice , Vigário de Cristo na terra”. “Dessa fidelidade, que constitui o sinal distintivo da Ordem, a Igreja precisa, sobretudo, hoje – ressalta o Papa – numa época em que se percebe a urgência de transmitir, na íntegra, aos nossos contemporâneos distraídos por tantas vozes discordantes, a única e inalterada mensagem de salvação que é o Evangelho, ‘não como palavra de homens, mas como é verdadeiramente, como palavra de Deus’, que actua naqueles que crêem”, pode ler-se. O Pe. Kolvenbach, refere um comunicado da Companhia de Jesus, partilhou a missiva com os membros da Congregação Geral e com toda a Companhia, e referiu a Bento XVI “a profunda atenção e gratidão” com a qual acolheu a sua mensagem. O Geral cessante comunicou aos Jesuítas “o afecto, a proximidade espiritual, a estima e a gratidão com a qual os Sucessores de Pedro olharam e olham para a Companhia de Jesus, continuando a esperar dela um fiel serviço ao anúncio íntegro e sem incertezas do Evangelho no nosso tempo”. “A obra de evangelização da Igreja conta muito com a responsabilidade formativa que a Companhia tem no campo da teologia, da espiritualidade e da missão”, escreve o Papa, pedindo que esta 35ª Congregação Geral reafirme, no espírito de Santo Inácio, a sua adesão à doutrina católica. Bento XVI fala, em particular, de “pontos nevrálgicos hoje fortemente atacados pela cultura secular”, como “a relação entre Cristo e as religiões, alguns aspectos da teologia da libertação e vários pontos da moral sexual, sobretudo, no que concerne à indissolubilidade do matrimónio e à pastoral das pessoas homossexuais.” Nasua carta, o Papa faz votos de que a presente Congregação “reafirme com clareza o autêntico carisma do fundador para encorajar todos os Jesuítas a promoverem a verdadeira e sã doutrina católica”. A Companhia de Jesus, afirma o Pe. Kolvenbach na sua carta de resposta ao Papa, declara a sua vontade de “responder sinceramente aos convites e aos pedidos do Santo Padre”. 0s 217 delegados com direito a voto têm agora em mãos a tarefa de definir o perfil do sucessor do Pe. Peter-Hans Kolvenbach, cuja renúncia foi aceite no passado dia 14. Depois de um longo período de oração pessoal e comunitária, cada um dos eleitores escreve, no boletim que recebeu, o nome do Jesuíta que escolheu. O novo Geral precisa de recolher 109 votos. A eleição ocorre após um período de “oração e diálogo privado”, tradicionalmente conhecido como murmuratio. Neste tempo, os eleitores ponderam o seu sentido de voto, mas estão proibidos de fazer campanha por qualquer candidato. Em entrevista ao jornal “L’Osservatore Romano” e à Rádio Vaticano, o Pe. Kolvenbach indicou que ao escolher “um entre os milhares de Jesuítas capazes de chegar a ser Prepósito-Geral, a Companhia diz o que procura para o seu futuro: um profeta ou um sábio, um inovador ou um moderador, um contemplativo ou um homem de união”. Todos os rituais da nomeação seguem a normas ditadas por Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus. O nome do eleito, que deve receber mais de metade dos votos, será divulgado pelos Jesuítas, após uma comunicação telefónica com Bento XVI. (Com Rádio Vaticano)