Papa: Primeiro desafio da Igreja é «sair» e ter «no coração as necessidades dos povos»

Francisco participou hoje no Fórum Internacional da Ação Católica

Cidade do Vaticano, 27 abr 2017 (Ecclesia) – O Papa Francisco recebeu hoje no Vaticano os participantes do Fórum Internacional da Ação Católica, e sublinhou o “apostolado missionário” como a principal prioridade da Igreja no mundo atual.

Na sua intervenção, transmitida pelo Centro Televisivo do Vaticano, Francisco referiu que o carisma da Ação Católica impele sobretudo a “formar leigos que assumam a responsabilidade no mundo”, com base em “quatro eixos: a oração, a formação, o sacrifício e o apostolado”.

“Dado o contexto atual, o apostolado deve ser a primeira base, o primeiro desafio é sair, é a missão”, para "chegar a todos", às "periferias", que "são os mais pobres, os doentes", mas também "os agnósticos, as periferias do pensamento", sustentou o Papa argentino, advertindo no entanto que os outros três eixos não devem ser esquecidos.

“O apostolado missionário necessita de oração, formação e sacrifício, necessita das outras três, caso contrário o vosso trabalho será superficial, não dará frutos”, acrescentou.

Durante o encontro na Sala do Sínodo, cheia com representantes da Ação Católica vindos de diversas regiões do mundo, o Papa exortou os participantes a darem prioridade, no seu trabalho, à formação cristã das pessoas, “homens e mulheres, rapazes e raparigas, na oferta de um processo de crescimento na fé”.

“Num itinerário catequético permanente" – "encarnado na paróquia e na diocese" – orientado para "a missão, adequado a cada realidade, apoiados na palavra de Deus para animar uma amizade feliz com Jesus e uma experiência de amor fraterno”, explicitou.

Francisco pediu também aos presentes que não tenham medo da mudança nem se apoiem em máximas como "foi sempre assim" para justificar a sua própria "imobilidade".

E que“rezem, que ponham no coração as necessidade dos povos, as suas angústias e alegrias”, privilegiando “uma oração em caminho, que chegue mais longe”, uma "fé concreta", como "o pecado que também é concreto".

“Assim evitarão o perigo de um olhar demasiado para dentro, uma oração encaracolada, que não vos desafia, que não é missão, que não incarna”, apontou.

O Papa recordou também a importância do “sacrifício vivido com generosidade, esse sacrifício que faz tão bem aos outros”.

“Ofereçam o vosso tempo, o que têm nos bolsos aos que menos têm, ofereçam o dom da vossa vocação pessoal para o bem da Casa Comum”, desafiou Francisco, que recorreu depois a uma expressão do seu antecessor, Bento XVI, para realçar aos membros da Ação Católica a necessidade de evitar o “proselitismo”.

“A Ação Católica não é um projeto de proselitismo porque iria contra o Evangelho. A Igreja cresce por atração, não por proselitismo. A mim dá-me muita pena quando vejo um agente pastoral – leigo, padre, bispo – a lançar a escada do proselitismo”, advertiu o Papa, que concluiu exortando a Ação Católica a ser cada vez mais aberta ao mundo, à sociedade.

"Agilizem os métodos de incorporação na Ação Católica. Não podem ser mais restritivos do que a mesma Igreja, nem mais papistas que o Papa. Por favor, abram as portas, não façam exames de perfeição cristã porque vão estar a promover um fariseismo hipócrita", completou. 

O Fórum Internacional da Ação Católica nasceu em 1991 por iniciativa dos movimentos de Ação Católica da Argentina, Espanha, Áustria, Malta, México e Itália, e depois do Sínodo de 1987 sobre a vocação e a missão dos leigos na Igreja e no mundo, e da publicação da exortação apostólica ‘Christifideles laici’, dedicada ao mesmo tema.

A 29 de junho de 1995, o Conselho Pontifício para os Leigos decretou o reconhecimento do FIAC como associação internacional de fiéis de direito pontifício.

JCP

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