Papa lembra queda dos regimes comunistas

13ª viagem do Papa leva-o à República Checa e é a sexta no «coração» da Europa e a segunda a Leste

Bento XVI chegou este Sábado à República Checa, onde permanece até 28 de Setembro, para assinalar a festa de São Venceslau, padroeiro do país, 20 anos depois da queda do regime comunista. Logo na cerimónia de boas-vindas no aeroporto de Praga, o Papa tocou em vários pontos que deverão ser aprofundados ao longo desta visita, em particular a história recente do país e o custo de 40 anos de repressão política.

Bento XVI acenou ao 20.º aniversário da “Revolução de veludo”, que marcou o fim do regime comunista, em que “a circulação de ideias e movimentos culturais era rigidamente controlada”.

“Uno-me a vós e aos vossos vizinhos para dar graças pela vossa libertação daquele regime opressivo”, disse.

O Papa começou por falar em checo, saudando os presentes, gesto saudado com uma enorme salva de palmas. O resto do discurso foi proferido em inglês.

Para Bento XVI, a queda do muro de Berlim foi um marco na história mundial e ainda mais para os países da Europa Central e de Leste, “tornando-as capazes de assumir o lugar que as espera no consenso das Nações, na qualidade de actores soberanos”.

Mostrando que esta viagem tem uma particular carga simbólica, Bento XVI sublinhou no seu primeiro discurso que o território checo, ao longo da história, foi uma “encruzilhada entre norte e sul, este e oeste, um ponto de encontro para povos, tradições e culturas diversas”.

“Daqui nasce o papel significativo que as terras checas desempenharam na história intelectual, cultural e religiosa da Europa, por vezes como um campo de batalha, mais geralmente como uma ponte”, acrescentou.

A importância da presença católica em território checo e a memória dos “mártires corajosos” que morreram em nome da sua fé foi destacada pelo Papa, que falou de uma “tragédia particular” quando se referiu ao tempo em que o governo do país quis “calar a voz da Igreja”.

“No curso da vossa história, houve muitos mártires corajosos cuja fidelidade a Cristo se fez ouvir com voz mais clara e eloquente do que a dos seus executores”, indicou, assinalando o 40.º aniversário da morte do Cardeal Josef Beran, Arcebispo de Praga.

“Agora que se encontra restabelecida a liberdade religiosa,apelo a todos os cidadãos desta República para que redescubram as tradições cristãs que modelaram a sua cultura e convido a comunidade cristã a continuar a fazer ouvir a sua voz no momento em que a nação enfrenta os desafios do novo milénio”, prosseguiu.

Bento XVI referiu-se ainda ao mote da bandeira presidencial, “Pravda Vítezí – A Verdade vence”, deixando votos de que “a luz da verdade continue a guiar esta nação”.

Por seu lado, o presidente da República Checa, Václav Klaus, lembrou as visitas de João Paulo II (1990, 1995 e 1997), pouco depois da queda do regime comunista, e disse que o país recebe este Sábado “uma das autoridades e espirituais mais distintas do mundo”.

Programa

Esta é a 13ª viagem do Papa fora da Itália e a quarta visita a um país que faz fronteira com a sua Alemanha natal, depois da Polónia (2006), Áustria (2007) e da França (2008), a que se juntam outras duas viagens a solo germânico (2005 e 2006).

Os três dias na República Checa, com 11 intervenções previstas, incluem passagens por três cidades. Ainda na manhã deste Sábado, o Papa dirige-se para a igreja de Santa Maria das Vitórias, para venerar a famosa imagem do “Menino Jesus de Praga”. De tarde, efectua uma visita de cortesia ao presidente da República e encontra-se com autoridades políticas e civis. O dia conclui-se junto dos sacerdotes, religiosas, seminaristas e movimentos laicais da Igreja Católica.

No dia 27, Bento XVI desloca-se a Brno, celebrando a Missa no aeroporto Tufany. Regressa a Praga, onde terá um encontro ecuménico e, no Castelo da cidade, pronunciará um discurso perante membros do mundo académico.

O último dia da viagem, 28 de Setembro, inclui uma visita à igreja de São Venceslau, patrono do país, na cidade de Starà Boleslav, onde foi martirizado. Na Missa, o Papa dirigirá uma mensagem aos jovens. A partida para Roma, desde Praga, está marcada para o final da tarde.

Já no passado Domingo, Bento XVI falara desta viagem, frisando que a República Checa se encontra, “do ponto de vista geográfico e histórico, no coração da Europa, e depois de ter atravessado os dramas do século passado, tem necessidade, como todo o continente, de reencontrar as razões da fé e da esperança”,.

Recordando que o seu predecessor, João Paulo II visitou por três vezes este país, Bento XVI anunciou a intenção de “prestar homenagem às heróicas testemunhas do Evangelho, antigas e recentes, encorajando todos a prosseguirem no caminho da caridade e da verdade”.

A viagem tem como lema “O amor de Cristo é a nossa força”. O programa completo da viagem pode ser consultado no site oficial do Vaticano.

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