Papa lembra conflitos na Ásia, África e América Latina

Bento XVI elencou esta Quinta-feira, no Vaticano, uma série de conflitos na Ásia, África e América Latina que estão no centro das suas preocupações, apelando a soluções negociadas e pedindo o fim da violência. Referindo-se ao “grande continente asiático”, o Papa constatou “com preocupação que em certos países a violência perdura e noutros a situação política permanece tensa, mas há progressos, que permitem olhar ao futuro com mais confiança”. Como exemplo, apontou novas negociações de paz em Mindanao, nas Filipinas, e o novo andamento das relações entre Pequim e Taiwan. Ainda contexto de busca da paz, o Papa defendeu que “a solução definitiva para o conflito em Sri Lanka apenas pode ser de cunho político, e as necessidades humanitárias da população atingida devem permanecer continuamente no centro das atenções”. Reconhecendo que os católicos são uma minoria na Ásia, Bento XVI precisou que “a Igreja não pede privilégios, mas a aplicação do princípio da liberdade religiosa em toda a sua extensão”. Neste sentido, “é importante que na Ásia central, as legislações sobre comunidades religiosas garantam o pleno exercício deste direito fundamental, respeitando as normas internacionais”. África Passando para outro continente, o Papa lembrou que daqui a pouco tempo “terei a alegria de me encontrar com muitos irmãos e irmãs de fé e humanidade que vivem na África”, com a sua visita aos Camarões e Angola, marcada para Março. “Na expectativa desta visita, que tanto desejei, peço ao Senhor que seus corações se abram para acolher o Evangelho e vivê-lo com coerência, construindo a paz e lutando contra a pobreza moral e material”, indicou. Segundo Bento XVI, em África é importante “reservar uma atenção especial à infância: vinte anos depois da adopção da Convenção sobre os direitos das crianças, elas ainda são vulneráveis”. “Muitas crianças vivem o drama de refugiados e deslocados na Somália, Darfur e na República Democrática do Congo. Fluxos migratórios de milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária, estão privados dos seus direitos elementares e têm a sua dignidade ferida”, apontou. O Papa pediu aos responsáveis políticos que “tomem todas as medidas necessárias para resolver os conflitos actuais e colocar fim às injustiças que os provocaram”. “Espero que na Somália, a restauração do Estado possa progredir, a fim de que cessem os intermináveis sofrimentos de seus habitantes. A situação no Zimbabwe também permanece crítica e são necessárias significativas ajudas humanitárias”, afirmou. Bento XVI recordou que “os Acordos de paz no Burundi geraram esperança na região. Faço votos de que sejam plenamente aplicados e se tornem fonte de inspiração para os outros países que ainda não encontraram o caminho da reconciliação”. América Latina O Papa deixou também uma palavra para a América Latina, “cujos povos anseiam viver em paz, livres da pobreza, exercendo livremente os seus direitos fundamentais”. Neste contexto, disse, “é oportuno fazer votos de que as necessidades daqueles que emigram sejam contempladas por legislações que facilitem a reintegração familiar e conciliem as legítimas exigências da segurança e do respeito inviolável pela pessoa”. Bento XVI quis “louvar o compromisso prioritário de certos governos em restabelecer a legalidade e conduzir uma luta sem compromissos contra o tráfico de droga e a corrupção”. O Papa observou que “há cinco séculos, a Igreja acompanha os povos da América Latina, partilhando as suas esperanças e preocupações” e sabe que “o seu dever específico é iluminar as consciências e formar leigos capazes de intervir com coragem nas realidades temporais, colocando-se a serviço do bem comum”. Turquia, Cáucaso e Kosovo Este périplo pelo mundo conclui-se com um olhar sobre as “nações mais próximas”, com Bento XVI a “saudar a comunidade cristã da Turquia, recordando que neste ano jubilar especial, por ocasião do segundo milénio de nascimento do Apóstolo São Paulo, muitos peregrinos convergem a Tarso, sua cidade de origem, o que ressalta mais uma vez a estreita relação desta terra com as origens do cristianismo”. “As aspirações de paz também estão vivas em Chipre, onde foram retomadas as negociações em vista de soluções justas para os problemas ligados à divisão da Ilha”, acrescentou. Em relação ao Cáucaso, o Papa defendeu que “os conflitos que abalam os Estados da Região não podem ser resolvidos com as armas”. Sobre a Geórgia, desejou que sejam honrados todos os compromissos assumidos no Acordo de cessar-fogo do passado mês de Agosto, obtido graças aos esforços diplomáticos da União Europeia e que o regresso dos deslocados às suas casas seja possibilitado em breve. Bento XVI disse que a Santa Sé continua a empenhar-se para a estabilidade no Sudeste da Europa e espera que continuem a ser criadas condições para um futuro de reconciliação e paz entre as populações da Sérvia e do Kossovo, “no respeito das minorias e sem subestimar a defesa do precioso património artístico e cultural cristão, que constitui uma riqueza para toda a humanidade”. Na conclusão deste quadro, o Papa frisou que “os seres humanos mais pobres são as crianças não-nascidas” e recordou “os outros pobres, como os doentes e as pessoas abandonadas, as famílias divididas e sem hipótese de remédio”. “A pobreza pode ser combatida se a humanidade for mais fraterna, se tiver valores e ideais comuns, fundados na dignidade da pessoa, na liberdade unida à responsabilidade, no reconhecimento efectivo do lugar de Deus na vida do homem”, indicou. FOTO: Lusa Notícias relacionadas • Papa traça quadro negro da situação internacional

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