Papa inscreve-se em «movimento maior»

Historiador Paulo Fontes analisa impacto de Francisco neste primeiro ano de pontificado

Lisboa, 07 mar 2014 (Ecclesia) – O historiador e professor universitário Paulo Fontes acredita que o Papa Francisco, que celebra no dia 13 de março um ano de pontificado, se inscreve num movimento que nas últimas décadas deu “grande visibilidade ao papado”.

“A figura do Papa Francisco inscreve-se num movimento de maior duração, de grande visibilidade do papado, pelo menos na segunda metade do século XX, um movimento que concita uma grande atenção por parte de um mundo cada vez mais numa lógica global e numa lógica comunicacional muito forte”, disse o historiador em declarações à Agência ECCLESIA.

Na opinião do historiador, Francisco correspondeu a “uma expectativa muito grande que havia” fruto de “algum desencanto e de críticas muito acesas que no final do pontificado de Bento XVI questionavam a forma como a cúria romana geria alguns dossiers” e por isso “havia uma expectativa em saber como quem lhe ia suceder ia reagir a isso”.

“O Papa Francisco é marcado desde logo pela sua origem, de uma zona, de um continente de grande tradição e presença dos cristãos, um continente em grande ebulição e emergência com questões novas, a posicionar-se de novo no mundo global”, acrescenta.

“A postura pessoal” de Jorge Mario Bergoglio tem, na opinião de Paulo Fontes, incitando também “a uma grande atenção e até adesão por parte de muitos setores não só católicos mas da opinião pública em geral”.

Algo que para o professor universitário se explica “pelo seu posicionamento do ponto de vista comunicacional e do entendimento que ele faz do lugar do papado, ele coloca-se como um testemunho de um crente, alguém que nos gestos que têm, naquilo que diz, se envolve, parte de si e da sua experiência numa linguagem de grande proximidade”.

Um comportamento que transmite às pessoas “um sentimento de autenticidade na sua comunicação e de facilidade na empatia num grande sentido de humanidade”, analisa o historiador.

Francisco “recentrou o papel do papado seja no ponto de vista da Igreja como do ponto de vista da sociedade” mostrando que o papado “está ao serviço da Igreja no anúncio da boa-nova de Jesus Cristo”, num movimento de evangelização com “alegria e esperança” o que trouxe logo um “olhar mais fresco e atento às periferias”.

O papel da Igreja no mundo atual é outra das mudanças promovidas pelo Papa Francisco que Paulo Fontes destaca desde logo pela “reflexão que faz sobre a economia global, o sistema financeiro e a sua desregulação com palavras muito fortes e contundentes expressas na exortação ‘A Alegria do Evangelho’”.

A convocação do Sínodo dos Bispos sobre o tema da família “é outro dos pontos importantes neste ano de pontificado” que cria também expectativas porque “houve um grande movimento de resposta na preparação do sínodo”, conclui o historiador Paulo Fontes.

LFS/MD

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