Papa homenageia Andrei Shakarov

Físico russo foi capaz de manter a liberdade interior, mesmo quando privado da exterior O Papa homenageou esta manhã, no Vaticano, a figura de Andrei Sakharov, activista dos direitos humanos da ex-URSS e Prémio Nobel da Paz em 1975, lembrando que cada pessoa deve “ter a coragem de dizer a verdade e de a seguir”. “Devemos ter a coragem de lembrar aos nossos contemporâneos o que é o homem, o que é a humanidade”, disse Bento XVI, recebendo uma delegação da Academia (francesa) das Ciências Morais e Políticas, acompanhada do Arcebispo emérito de Paris, Cardeal Lustiger. Como exemplo concreto de “verdadeira liberdade”, o Papa evocou longamente a figura do cientista russo, ao qual ele próprio sucedeu, em 1992, como membro desta Academia das Ciências Morais e Políticas. “Esta alta personalidade (Sakharov, ndr) recorda-nos que é necessário, na vida pessoal como na vida pública, ter a coragem de dizer a verdade e segui-la, (e) ser livre em relação ao mundo ambiente que tem a tendência de impor as suas maneiras de ver e os comportamentos a adoptar”, referiu. Segundo o Papa, “a verdadeira liberdade consiste em caminhar no caminho da verdade, segundo a sua vocação própria, sabendo que cada um terá que prestar contas da sua vida ao seu Criador e Salvador”. Bento XVI sublinhou a “necessidade de apresentar aos jovens de hoje este caminho, convidando-os a não se contentarem com seguir todas as modas que se apresentam”. “Um dos desafios para os nossos contemporâneos, e particularmente para a juventude, consiste em aceitar não viver simplesmente na exterioridade, nas aparências, mas desenvolvendo a vida interior, elo unificador do ser e do agir, lugar do reconhecimento da nossa dignidade de filhos de Deus chamados à liberdade, não se separando da nascente da vida, mas permanecendo-lhe fiéis”, apontou. Neste contexto, Bento XVI propôs o exemplo de “liberdade interior” dado por Andrei Sakharov (1921-1989): “quando, no período comunista, a sua liberdade exterior se encontrava entravada, era a sua liberdade interior, que ninguém lhe podia roubar, que o autorizava a tomar a palavra para defender com firmeza os seus compatriotas, precisamente em nome do bem comum”. “Também hoje, é preciso que o homem não se deixe entravar pelas cadeias exteriores – como o relativismo, a busca do poder e do lucro a todo o custo, a droga, relações afectivas desordenadas, a confusão ao nível do casamento, o não reconhecimento do ser humano em todas as etapas da sua existência, da sua concepção ao seu fim natural, deixando pensar que há períodos em que o ser humano não existiria verdadeiramente”, concluiu. Em Dezembro de 1985, quando Andrei Sakharov ainda se encontrava exilado em Gorki, foi instituído pelo Parlamento Europeu, com autorização do próprio, o Prémio Sakharov, Prémio Liberdade de Pensamento. (Com Rádio Vaticano)

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top