Papa: Francisco criticou «masculanização» da Igreja, perante Comissão Teológica Internacional

«Se não soubermos o que é uma mulher, o que é a teologia de uma mulher, nunca entenderemos o que é a Igreja» – Francisco

Foto: Vatican Media

Cidade do Vaticano, 30 nov 2023 (Ecclesia) – O Papa Francisco valorizou hoje a “capacidade de reflexão teológica diferente da dos homens”, indicando à Comissão Teológica Internacional, recebida hoje, a necessidade de tornar a “Igreja menos masculina”.

“Uma, duas, três, quatro mulheres: pobres mulheres! Estão sozinhas! Ah, desculpe-me, cinco. Temos de avançar nisto. As mulheres têm uma capacidade de reflexão teológica diferente da dos homens”, afirmou o Papa Francisco, de improviso, depois de ter entregue o discurso escrito, sem o ter lido por motivos de saúde.

“E perguntar-me-ão: onde é que esta discussão leva? Não é só para vos dizer que deviam ter mais mulheres aqui – isso é uma coisa – mas para vos ajudar a refletir. A Igreja como mulher, a Igreja como noiva. E esta é uma tarefa que vos peço, por favor. Para tornar a Igreja menos masculina”, acrescentou ainda.

Francisco explicou que no próximo encontro dos nove Cardeais a dimensão feminina da Igreja vai estar em reflexão.

“A Igreja é a mulher. E se não soubermos o que é uma mulher, o que é a teologia de uma mulher, nunca entenderemos o que é a Igreja. Um dos grandes pecados que temos tido é o de «masculinizar» a Igreja”, indicou.

Os membros da Comissão Teológica Internacional foram recebidos em audiência pelo Papa Francisco que no discurso escrito, posteriormente entregue aos participantes e publicado na Sala de Imprensa da Santa Sé, afirmou a importância da reflexão teológica e o diálogo que estes devem ter com o mundo da cultura.

“É essencial que vós, teólogos, o façais em sintonia com o Povo de Deus, eu diria «a partir de baixo», isto é, com um olhar privilegiado para os pobres e os simples, e ao mesmo tempo «de joelhos», porque a teologia nasce ajoelhada, em adoração a Deus”, pediu.

Com vista à comemoração dos 1700 anos do Concilio de Niceia, Francisco convidou a “redescobrir” dimensões que no jubileu de 2025 devem ser assinaladas, nomeadamente a sua “espiritual”, a “sinodal” e a “ecuménica”.

Foto: Vatican Media

“Cabe aos teólogos espalhar novos e surpreendentes lampejos da luz eterna de Cristo na casa da Igreja e nas trevas do mundo”, convidou.

Francisco lembrou ainda que a “sinodalidade é o caminho, a forma de traduzir em atitudes de comunhão e processos de participação a dinâmica trinitária com que Deus” e que os teólogos, chegados de “várias partes do mundo”, levam também “os dons e as riquezas, as interrogações e os sofrimentos das vossas Igrejas e dos vossos povos”.

“Sede testemunhas, no vosso trabalho colegial e na partilha das vossas peculiaridades eclesiais e culturais, de uma Igreja que caminha segundo a harmonia do Espírito, enraizada na Palavra de Deus e na Tradição viva, e que acompanha com amor e discernimento os processos culturais e sociais da humanidade na complexa transição que estamos a viver. Não vos contenteis com o que já adquiristes: mantende o vosso coração e a vossa mente abertos ao semper magis de Deus”, convidou.

O Papa sublinhou ainda a dimensão ecuménica lembrando que em 2025 “a data da celebração da Páscoa coincidirá para todas as confissões cristãs”.

“Como seria belo se isto marcasse o início concreto de uma celebração sempre comum da Páscoa”, assinalou.

LS

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Agência ECCLESIA

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