Papa esclarece polémicas com Angela Merkel

Bento XVI e a Chanceler alemã, Angela Merkel, estiveram ao telefone para esclarecer as polémicas surgidas após as críticas da última em relação à “reintegração” de um Bispo negacionista na Igreja Católica. Segundo comunicado de imprensa da Santa Sé, ambos “tiveram oportunidade de trocar os seus pontos de vista, num clima de grande respeito”, tendo sido feita referência às declarações do Papa na audiência geral de 28 de Janeiro, em que condenou qualquer forma de anti-semitismo. A conversa é mais um episódio na longa polémica surgida após o levantamento da excomunhão ao bispo lefebvriano Richard Williamson, prelado que nega a utilização de câmaras de gás durante o Holocausto. Tanto o Vaticano como o governo alemão referem que foi um colóquio “cordial e construtivo, marcado pela adesão comum e construtiva ao alerta sempre válido que a Shoah constitui para a humanidade”. Já na semana passada o director dos serviços de informação do Vaticano, Pe. Federico Lombardi, reagira em comunicado às críticas da chanceler alemã, Angela Merkel, que pedia ao Papa para “deixar claro” que a Santa Sé não tolera a negação do Holocausto, afirmando que as palavras de condenação de Bento XVI “são claríssimas”. “A condenação das declarações negacionistas do Holocausto (por parte do Papa, ndr) não poderiam ser mais claras e é evidente que as mesmas também se referiam à posição de monsenhor Williamson e todas as posições análogas”, destaca o Pe. Lombardi. Merkel dissera que, por parte do Papa, “tem que ficar definitivamente claro que o negacionismo não é permitido”. O Pe. Lombardi divulgou um comunicado para especificar “os novos pedidos de esclarecimentos sobre a posição do papa e da Igreja sobre o tema da Shoah”. “O pensamento do Papa sobre o tema do Holocausto foi manifestado com muita clareza na Sinagoga de Colónia, a 19 de Agosto de 2005; no campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, a 28 de Maio de 2006; na audiência pública de 31 de Maio no Vaticano e na audiência de 28 de Janeiro, com palavras inequívocas”, disse. Nesta última data, Bento XVI reafirmou a sua clara condenação do Holocausto, considerando que este acontecimento trágico deve ser para todos “um alerta contra o esquecimento, a negação ou o reducionismo”. O Papa quis “renovar com afecto a expressão da minha plena e indiscutível solidariedade com os nossos irmãos destinatários da primeira Aliança”, o povo judaico. “Desejo que a memória da Shoah leve a humanidade a reflectir sobre o imprevisível poder do mal, quando conquista o coração do homem”, alertou. A Secretaria de Estado do Vaticano emitiu na Quarta-feira uma nota oficial a respeito das recentes declarações de D. Richard Williamson, da Fraternidade São Pio X, afirmando que para ser readmitido nas funções de Bispo na Igreja Católica deve “distanciar-se de forma absolutamente pública e inequívoca” das suas declarações “negacionistas ou reducionistas” sobre o Holocausto. “As posições de D. Williamson sobre a Shoah são absolutamente inaceitáveis e firmemente repudiadas pelo Santo Padre”, refere o Vaticano.

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