Bento XVI deu hoje um sinal de encorajamento à maior comunidade cristã da Turquia ao encontrar-se com o Patriarca arménio Mesrob II. Os cristãos arménios apostólicos são cerca de 80 mil. Para o Papa, este encontro é “um sinal da esperança que partilhamos nas promessas de Deus” e um momento importante no caminho para a unidade dos cristãos. Durante a visita de oração à Catedral arménia de Istambul, Bento XVI lamentou “as trágicas divisões que, há muito tempo, existem entre os seguidores de Cristo, contradizendo abertamente a vontade do Senhor”. Mais uma vez, como tinha feito de Os cristãos são chamados, segundo o Papa, a dar testemunho da sua própria fé e amor, “oferecendo um sinal radioso de esperança e de consolação ao mundo, tão marcado por conflitos e tensões”. Evitando uma referência directa ao genocídio arménio do século passado, negado pela Turquia, Bento XVI deu graças a Deus “pela fé e o testemunho cristão do povo arménio, transmitido de geração em geração, por vezes em circunstâncias verdadeiramente trágicas, como as do século passado”. O Patriarca Mesrop II é líder da comunidade arménia apostólica, uma Igreja autocéfala com sede nesse país. A tradição refere que esta Igreja nasceu da pregação dos Apóstolos Judas Tadeu e Bartolomeu, tendo-se reforçado quando o Cristianismo se tornou religião oficial na Arménia, em 301. O Patriarcado arménio de Constantinopla foi fundado em 1461 e tem um papel muito importante na história desta Igreja. Os anos de 1915-1917 constituíram uma dura prova para estas cristãos, afectados por uma verdadeira campanha de extermínio. As relações com a Igreja Católica têm-se desenvolvido significativamente desde o II Concílio do Vaticano e, sobretudo, desde a histórica visita do Catholicos Vasken I ao Papa Paulo VI, em Maio de 1970. Karekin I e João Paulo II assinaram, em 1999, uma declaração comum que demonstra a quase completa comunhão entre as duas Igrejas, que inclui o reconhecimento dos sacramentos, em especial o da ordem – através da sucessão apostólica – e o da Eucaristia. A Igreja Católica Arménia nasceu no século XVIII, quando alguns fiéis sentiram necessidade de restabelecer a plena comunhão com Roma, em fidelidade ao Concílio de Calcedónia (451). Bento XIV fundou um Patriarcado Arménio Católico em 1742 e durante dois séculos a sua sede foi Constantinopla, tendo sido transferida para o Mosteiro de Bzommar (Líbano) após o referido genocídio.