Papa diz que negar o Holocausto é inaceitável

Bento XVI confirma estar a preparar viagem à Terra Santa e deixa mensagem solidária aos judeus Bento XVI veio mais uma vez a público defender que o Holocausto é um “capítulo terrível na nossa história que nunca deve ser esquecido”, condenando qualquer tentativa de o negar ou minimizar. “A Igreja está profunda e irrevogavelmente comprometida em rejeitar todo o anti-semitismo”, assegurou, recebendo esta Quinta-feira no Vaticano uma delegação de rabinos norte-americanos, liderada pelo Rabino da Sinagoga de Nova Iorque que o Papa visitou no ano passado. O Papa lembrou que “o ódio e o desprezo pelos homens, mulheres e crianças que se manifestou na Shoah foi um crime contra Deus e contra a humanidade”. “Isto deveria ser claro para todos, em especial os que estão na tradição das Sagradas Escrituras, segundo as quais cada ser humano é criado à imagem e semelhança de Deus”, indicou, numa nova intervenção sobre este tema após as propaladas declarações negacionistas do Bispo lefebvriano Richard Williamson. “É inquestionável que qualquer negação ou minimização deste crime terrível (o Holocausto, ndr) é intolerável e, por isso mesmo, inaceitável”, assinalou Bento XVI que recordou a sua intervenção sobre a Shoah, na audiência geral de 28 de Janeiro (ver notícia relacionada). “Recordar é fazer tudo o que está em nosso poder para prevenir qualquer repetição de tal catástrofe, na família humana, construindo pontes de amizade duradoura. É minha fervorosa oração que a memória deste terrível crime fortaleça a nossa determinação em cicatrizar as feridas que durante demasiado tempo macularam as relações entre Cristãos e Judeus”, assinalou. Aproveitando o facto de esta delegação estar de passagem por Roma, a caminho de Israel, o Papa declarou estar a preparar-se “para visitar Israel, uma terra que é santa tanto para os Cristãos como para os Judeus, uma vez que é ali que se encontram as raízes da nossa fé”. “Desde os primeiros tempos da Cristianismo, a nossa identidade e cada um dos aspectos da nossa vida e culta sempre estiveram intimamente ligados à antiga religião dos nossos pais na fé”,disse. Bento XVI reconheceu que “os dois mil anos de história das relações entre Judaísmo e Igreja passaram por muitas fases, algumas das quais é penoso recordar”. Mas “qual é a família que nunca passou por distúrbios e tensões de algum tipo?”, questionou. “Agora que conseguimos encontrar-nos num espírito de reconciliação, não devemos permitir que as dificuldades do passado nos impeçam de estender uns aos outros a mão estendida da amizade”, pediu. A Declaração “Nostra Aetate” do Concílio Vaticano II – sublinhou o Papa – constituiu “uma pedra angular no caminho para a reconciliação, apontando claramente os princípios que desde então têm orientado a posição da Igreja nas relações entre Cristãos e Judeus”. Como imagem que bem personifica este compromisso da Igreja, Bento XVI recordou a imagem do seu predecessor João Paulo II, junto ao Muro das Lamentações, em Jerusalém, “invocando o perdão de Deus para todas as injustiças que o povo Judeu teve que sofrer”. “Faço minha a sua oração”, ali então pronunciada a 26 de Março do ano 2000. O Papa passou em revista, “com gratidão”, as diferentes ocasiões em que “passei tempo com os meus amigos judeus”, que classificou “experiências de estima fraterna e sincera amizade”. Concretamente, falou de Washington e Nova Iorque(2008) e Colónia (2005). Bento XVI sublinhou especialmente a sua visita, em 2006, ao campo de extermínio de Auschwitz, “experiência tão profundamente tocante”, que é difícil encontrar palavras para a exprimir. “Caminhando através da entrada daquele lugar de horror, cenário de tão indescritíveis sofrimentos, meditei no incontável número de prisioneiros, tantíssimos deles judeus, que calcorrearam aquele mesmo caminho em direcção ao cativeiro”, referiu. “Aqueles filhos de Abraão, dominados pela dor e humilhados até à abjecção, pouco tinham que os pudesse sustentar senão a sua fé no Deus dos seus antepassados, uma fé que nós cristãos partilhamos convosco, nossos irmãos e irmãs. Como poderemos nós começar a apreender a enormidade do que ocorreu naquelas infames prisões! Toda a raça humana sente profunda vergonha e confusão perante a selvagem brutalidade mostrada para com o vosso povo, em qualquer tempo”, concluiu. Notícia relacionada Bento XVI reafirma condenação do Holocausto

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