Papa defende tradição cristã na Europa

Bento XVI recebeu embaixador da Áustria no Vaticano e pediu respeito pela liberdade religiosa

Cidade do Vaticano, 03 Fev (Ecclesia) – Bento XVI apelou hoje a um reconhecimento dos “fundamentos cristãos” da Europa, por parte dos seus responsáveis políticos, pedindo ainda a promoção da “liberdade religiosa”.

“A construção de uma «Casa Europa» comum apenas pode ter sucesso se este continente tiver consciência dos seus próprios fundamentos cristãos”, afirmou, defendendo que os “valores do Evangelho” devem continuar a ser “fermento da civilização europeia”.

Recebendo no Vaticano o novo embaixador da Áustria, Alfons M. Kloss, o Papa passou em revista a relação Igreja-Estado, alertando para uma “particular situação de tensão em muitos países europeus”.

Segundo Bento XVI, há autoridades políticas preocupadas em evitar que as religiões “não sejam praticadas publicamente”, por as entenderem como “convicções de fé individuais dos cidadãos”.

Por outro lado, acrescentou, “existe a tentativa de aplicar critérios de uma opinião pública secular também às comunidades religiosas”.

Nesse sentido, disse o Papa, há quem queira “adaptar o Evangelho à cultura, tentando, ao mesmo tempo, evitar com cuidado que a cultura seja influenciada pela religião”.

Bento XVI elogiou o compromisso de “alguns Estados da Europa central e oriental” em dar “espaço ao desejo fundamental da pessoa, a fé na pessoa de Deus e a fé na salvação através de Deus”.

“O reconhecimento da liberdade religiosa consente à comunidade religiosa desenvolver as suas múltiplas actividades, das quais toda a sociedade tira vantagem”, precisou, aludindo às diversas “estruturas formativas” e aos “serviços caritativos” geridos pela Igreja Católica.

Para o Papa, a Igreja é, “em certo sentido, porta-voz das pessoas desfavorecidas” e esse compromisso deve levar ao respeito da “essência e da obra” da mesma, sem a transformar em “mais uma entre as muitas instituições que prestam serviços sociais”.

Bento XVI deixou votos de que “todas as forças sociais” procurem “assegurar a dimensão moral da cultura, uma cultura digna da pessoa e da vida em sociedade”.

O actual Papa nasceu na Alemanha, em 1927, tendo passado a sua infância e adolescência em Traunstein, uma pequena localidade perto da fronteira com a Áustria, a trinta quilómetros de Salzburgo (cidade natal do compositor clássico Wolfgang Amadeus Mozart, do século XVIII), sendo fortemente influenciado pelo ambiente «mozarteano», como o próprio já afirmou.

OC

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