Bento XVI realizou este Domingo, 3 de Outubro, a sua primeira viagem à Sicília, marcada por palavras e gestos simbólicos contra a Mafia.
Num encontro com milhares de jovens, em Palermo, o Papa pediu que os mesmos não cedessem às “sugestões da Mafia, que é um caminho de morte, incompatível com o Evangelho”.
“Não tenhais medo de enfrentar o mal! Juntos sereis como uma floresta que cresce, porventura silencioosa, mas capaz de dar fruto, de levar vida e de renovar de modo profundo a vossa terra”, declarou.
Simbolicamente, no caminho para o Aeroporto, Bento XVI quis que o cortejo parasse em Capaci, no local onde teve lugar o atentado contra o juíz Giovanni Falcone, depositando ali uma coroa de flores e rezando em silêncio, em memória de todas as vítimas de organizações mafiosas e da criminalidade organizada.
Horas antes, numa reunião com o clero da cidade, o Papa lembrou “o bárbaro assassinato do padre Giuseppe Puglisi, deste presbitério”, morto pela Mafia.
“Ele tinha um coração que ardia de autêntica caridade pastoral; no seu zeloso ministério, deu grande espaço à educação das crianças e dos jovens, esforçando-se ao mesmo tempo para que todas as famílias cristãs vivessem a vocação fundamental de primeira educadora dos filhos”, indicou.
Recordando que está em curso a causa de beatificação deste “bom pastor”, Bento XVI pediu aos padres de Palermo e de toda a Sicília, que não esquecessem o exemplo do padre Puglisi: “Exorto-vos a conservar viva a memória do seu fecundo testemunho sacerdotal, imitando o seu heróico exemplo”.
Na catedral de Palermo, junto de padres, religiosos, religiosas e seminaristas, o Papa desejou que estes imitem Jesus “na mais completa e generosa doação à Igreja e aos irmãos”.
“O sacerdote não pode permanecer distante das preocupações quotidianas do Povo de Deus: deve estar-lhes muito próximo, mas sempre na perspectiva do Reino de Deus”, precisou, falando na dimensão “vertical” da identidade sacerdotal.
O convite que os bispos sicilianos dirigiram a Bento XVI para a visita pastoral efectuada neste Domingo estava directamente ligado ao Encontro Eclesial de famílias e jovens, nos dois últimos dias, nos arredores de Palermo.
Jovens e família foram, pois, o tema abordado pelo Papa no último encontro desta deslocação a Palermo, numa das praças da cidade.
A intervenção de Bento XVI centrou-se na figura de Chiara Badano, jovem falecida com puco menos de 19 anos, beatificada há oito dias, em Roma, e nos seus dois pais, ainda vivos.
“A família é fundamental porque ali desabrocha na alma humana a primeira percepção do sentido da vida. Desabrocha na relação com a mãe e o pai, os quais não são padrões da vida dos filhos, mas sim os primeiros colaboradores de Deus para a transmissão da vida e da fé”, disse.
(Com Rádio Vaticano)