Papa condena racionalismo e relativismo

Bento XVI regressou esta Quarta-feira às audiências gerais, que tinham sido suspensas durante o seu período de férias, apresentando uma reflexão sobre S. João Maria Vianney, o Cura d’Ars, cujo 150.º aniversário de morte deu o mote para a convocação de um Ano Sacerdotal em toda a Igreja.

O Papa convidou os milhares de peregrinos presentes em Castel Gandolfo a “captar a força profética” deste sacerdote, falecido a 4 de Agosto de 1859, não o reduzindo à mera expressão de uma “espiritualidade devocionista do século XIX”.

Bento XVI lembrou que São João Maria Vianney viveu numa França “pós-revolucionária, na qual se experimentava uma espécie de ditadura do racionalismo”.

“Os desafios da sociedade actual não são menos complexos que os daquele tempo. Se então havia uma ditadura do racionalismo, agora há em muitos ambientes uma espécie de ditadura do relativismo. Ambas aparecem como respostas inapropriadas às justas perguntas do homem sobre o uso da razão como elemento distintivo e constitutivo da sua própria identidade”, afirmou.

Segundo Bento XVI, “o racionalismo foi inadequado, porque não leva em conta os limites humanos e pretende fazer da razão uma medida para todas as coisas, transformando-a numa deusa”. Já “o relativismo contemporâneo modifica a razão, porque de facto chega a afirmar que o ser humano não pode conhecer nada com total certeza além do campo científico positivo”.

O Papa falou de um “serviço pastoral, tão simples como também extraordinariamente fecundo” que tornou este anónimo pároco de uma longínqua aldeia do sul da França uma “imagem do Bom Pastor que dá a vida pelas suas ovelhas”.

“Convido todos a rezarem para que o seu testemunho seja para os padres de hoje um ensinamento que os encoraje a viver o seu ministério com fé e generosidade. Que, com a intercessão do Cura d’Ars, o Senhor doe à sua Igreja padres santos, que encontrem em seus fiéis sustento e colaboração em sua missão de anunciar o Evangelho”, pediu.

“Nascido a 8 de Maio de 1786 de uma família pobre de bens materiais, mas rica de fé, chegou à ordenação presbiteral após muitas vicissitudes e incompreensões, graças à ajuda de sacerdotes sapientes que não se detiveram a considerar apenas os seus limites humanos, mas souberam olhar mais longe, intuindo o horizonte de santidade que se perfilava naquele jovem verdadeiramente singular, que sempre manifestou uma elevadíssima consideração pelo dom recebido”, recordou Bento XVI.

[[a,d,463,Papa saúda peregrinos portugueses]]Após descrever a vida do Santo de Ars, a sua força profética e vivência catequética, o Papa disse que a vida de João Maria Vianney, 150 anos depois, ainda é hoje um exemplo para os jovens de hoje.

Em português, Bento XVI deixou votos de que “as vossas existências sejam uma catequese vivente como foi a vida do santo Cura d’Ars”.

A partir desta Quinta-feira, 6 de Agosto, a rubrica de D. Manuel Clemente no programa ECCLESIA (RTP2 – 18h30), “O Passado do Presente”, inicia a apresentação da vida do S. João Maria Vianney.

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