Papa apresenta balanço de 2007

China, secularismo e diálogo inter-religioso entre os temas abordados num dos discursos mais importantes do ano Bento XVI apresentou esta Sexta-feira, no Vaticano, um balanço do seu ano de 2007, destacando momentos como a viagem ao Brasil e à Áustria, ou a carta enviada aos católicos da China. Neste percurso sobre um novo ano de história para a Igreja e a sua missão no mundo, o Papa falou da pressão das ideologias da secularização. “Os problemas que nos coloca o secularismo do nosso tempo e as pressões das presunções ideológicas às quais tende a consciência secularista, com a sua pretensa exclusividade à racionalidade definitiva, não são pequenas”, alertou. O Papa centrou a sua intervenção no que considerou ser a “missão cristã”, justificando a opção de destacar os temas da fé e da evangelização como linhas de força do seu pontificado, num tempo em que “parte da humanidade esqueceu a promessa de Cristo” e crescem “interesses contrários à paz e à justiça”. “A través do encontro com Jesus Cristo e os seus santos, através do encontro com Deus, o balanço da humanidade é reequilibrado com as forças do bem, sem as quais os nossos programas de ordem social não se tornam realidade, mas ficam apenas como teorias abstractas”, referiu. Bento XVI falava perante os seus mais directos colaboradores, reunidos para o habitual encontro de Natal com os seus colaboradores da Cúria Romana. O encontro teve lugar na Sala Clementina e destinava-se aos membros da Cúria e da Prelatura Romana. “Perante os sentimentos e as realidades da violência e da injustiça que ameaçam a humanidade, devem ser suscitadas forças antagónicas”, ou seja, “forças de reconciliação, de paz, de amor e de justiça”, disse. Em 2007, ano em que completou 80 anos, Bento XVI foi ao Brasil (Maio) e à Áustria (Setembro), para além das localidades italianas de Vigevano e Pavia, Assis, Loreto, Velletri e Nápoles, neste último caso reunindo com os participantes do encontro inter-religioso para a paz. O Papa fez questão de lembrar a carta que lhe foi enviada por 138 líderes islâmicos, apelando ao diálogo e à paz entre os fiéis das duas religiões. “Respondi com alegria, exprimindo a minha convicta adesão a tais nobres propósitos e sublinhando, ao mesmo tempo, a urgência de um compromisso concertado pela tutela dos valores do respeito recíproco, do diálogo e da colaboração”, indicou. Num longo discurso, o Papa abordou vários dos momentos marcantes deste ano, destacando em particular a viagem ao Santuário brasileiro de Aparecida, onde abriu os trabalhos da V Conferência Geral dos episcopados latino-americanos e caribenhos. Segundo Bento XVI, ao centrar os trabalhos em volta do tema “Discípulos e missionários de Jesus Cristo”, a Conferência de Aparecida não se refugiou na “interioridade” para fugir aos temas da justiça ou da solidariedade, mas testemunhou que “só com um novo encontro com Jesus Cristo e o seu Evangelho podem ser suscitadas as forças que nos tornam capazes de dar a justa resposta aos desafios do tempo” actual. Ao longo do ano, Bento XVI escreveu a segunda encíclica do seu pontificado, lançou o livro “Jesus de Nazaré”, publicou a exortação apostólica pós-sinodal “Sacramentum Caritatis”, convocou um consistório no qual criou 23 novos Cardeais e escreveu uma carta aos católicos da China, que revelou ter sido bem recebida pelos fiéis daquele país. “Dei a conhecer a disponibilidade da Santa Sé para um diálogo sereno e construtivo com as autoridades civis, a fim de encontrar uma solução aos diversos problemas que dizem respeito à comunidade católica”, explicou. O Papa publicou outros dois documentos significativos, sob a forma de Motu Proprio: no primeiro alterou as normas da eleição do futuro Papa, exigindo que seja sempre atingida a maioria de dois terços; no segundo, “liberalizou” a celebração da Missa segundo o Rito de São Pio V, anterior ao Concílio Vaticano II. Em várias passagens do discurso, Bento XVI referiu-se à necessidade do anúncio e do encontro com Jesus Cristo, assinalando que a vontade de “diálogo e colaboração” com os fiéis de outras religiões não deve levar os católicos a deixar de “transmitir a mensagem de Jesus”. Este é um dos discursos mais importantes do ano. Em Janeiro, quando receber o corpo diplomático acreditado na Santa Sé, o Papa irá fazer uma espécie de “balanço” do ano internacional, que complementa o seu discurso desta manhã. Foto: Lusa

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