Francisco traça radiografia das situações mais preocupantes do panorama internacional
Cidade do Vaticano, 13 jan 2014 (Ecclesia) – O Papa recebeu hoje os membros do corpo diplomático acreditados na Santa Sé e alertou para as “imagens de destruição e de morte” que chegam de vários pontos do globo, em particular da Síria.
“Não deixo de esperar que tenha finalmente um fim o conflito na Síria”, declarou Francisco, durante a audiência em que recebeu os cumprimentos de Ano Novo dos embaixadores, pedindo “uma renovada vontade política comum” para pôr fim a esta guerra.
A intervenção recordou a realização da conferência de paz ‘Genebra 2’, uma iniciativa da Rússia, Estados Unidos da América e ONU que vai decorrer no próximo dia 22, tentando garantir uma solução política para a guerra civil na Síria, que terá provocado mais de 120 mil mortos desde março de 2011.
O Papa deixou votos de que esta iniciativa “marque o início do desejado caminho de pacificação”.
“Ao mesmo tempo, é imprescindível o pleno respeito do direito humanitário. Não se pode aceitar que seja atingida a população civil indefesa, sobretudo as crianças”, alertou, antes de solicitar que seja garantida a assistência “necessária e urgente” a grande parte da população, tanto na Síria como no Líbano e a Jordânia, que acolhem milhares de refugiados.
Ainda no Médio Oriente, Francisco manifestou “preocupação” com as dificuldades políticas no Líbano e a falta de “concórdia social” no Egito e no Iraque, antes de saudar os “significativos progressos” realizados sobre a questão nuclear no Irão.
Francisco mostrou-se também satisfeito com o facto de se terem retomado as negociações de paz entre israelitas e palestinos.
“Espero que as partes estejam determinadas a assumir, com o apoio da comunidade internacional, decisões corajosas a fim de se encontrar uma solução justa e duradoura para um conflito cujo fim se revela cada vez mais necessário e urgente”, sustentou.
O Papa advertiu para o “êxodo dos cristãos” do Médio Oriente e do Norte de África, bem como para os “atos de intolerância” e “perseguição” contra os membros das várias igrejas.
A intervenção passou em revista as situações de violência e tensão que afetam a Nigéria, República Centro-Africana, Mali, Sudão do Sul ou a península da Coreia.
Francisco retomou as críticas à “cultura do descartável”, que têm marcado o seu pontificado, recordando quem sofre com a fome, as crianças-soldados, o sofrimento de migrantes e refugiados, as vítimas do tráfico de seres humanos e a exploração dos recursos naturais.
“Causa horror só o pensar que haja crianças que não poderão jamais ver a luz, vítimas do aborto”, declarou.
O discurso recordou a visita à ilha italiana de Lampedusa, em julho de 2013, frisando que a “indiferença geral” perante o drama dos migrantes é “um sinal dramático da perda do sentido da responsabilidade fraterna sobre o qual assenta toda a sociedade civil”.
O Papa falou no aumento do número de “famílias divididas e dilaceradas”, pedindo políticas que as apoiem, e repetiu a sua preocupação com a marginalização dos idosos na vida social.
A intervenção renovou os apelos à “cultura do diálogo” e à “comunhão nas diferenças”, para combater “o fechamento em si mesmo, que pouco a pouco toma o rosto da inveja, do egoísmo, da rivalidade, da sede de poder e de dinheiro”.
A Santa Sé mantém relações diplomáticas com 180 países, a que se somam a União Europeia, a Ordem Soberana de Malta e uma missão de caráter especial para o Estado da Palestina.
OC
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