Papa apela à descoberta da «racionalidade eterna» no universo

Bento XVI contesta teorias que não conseguem explicar o «sentido último» das coisas

Cidade do Vaticano, 06 Jan (Ecclesia) – Bento XVI convidou hoje a uma descoberta da “racionalidade eterna” no universo, afirmando que os cristãos devem ultrapassar teorias que não conseguem explicar o “sentido último” das coisas.

“Na beleza do mundo, no seu mistério, na sua grandeza e na sua racionalidade não podemos deixar de ler a racionalidade eterna, não podemos deixar de nos fazer guiar por ela até ao único Deus, criador do céu e da terra”, disse, numa homilia proferida na Basílica de São Pedro.

O Papa presidiu, esta Quinta-feira, à missa na solenidade da Epifania (palavra de origem grega que significa “manifestação”), ligada ao relato evangélico sobre os Magos, que nalguns países se celebra a 6 de Janeiro (em Portugal ocorreu no dia 2, Domingo depois do Natal).

Segundo Bento XVI, esta celebração “sublinha o destino e o significado universais” do nascimento de Jesus, com os Magos a representarem “toda a humanidade”.

Estes “homens sábios”, acrescentou, sabiam que “é possível encontrar” Deus, “não com um qualquer telescópio, mas com os olhos profundos da razão”.

“Não devemos deixar limitar a nossa mente por teorias que chegam sempre apenas a determinado ponto e que – se virmos bem – não estão, de facto, em concorrência com a fé, mas não conseguem explicar o sentido último da realidade”, prosseguiu.

O Papa considerou que “o universo não é resultado do acaso, como alguns querem fazer crer. Contemplando-o, somos convidados a ler algo mais profundo, a sabedoria do criado, a inexaurível fantasia de Deus, o seu infinito amor por nós”.

No «dia de Reis», Bento XVI apresentou estas três figuras, muito presentes na religiosidade popular, como “sábios que perscrutavam o céu, mas não para tentar «ler» o futuro nos astros, tendo em vista eventuais lucros; eram antes homens «em busca» de algo mais, em busca da verdadeira luz”.

Na homilia papal aludiu-se ainda à figura do rei Herodes, “um homem de poder, que apenas consegue ver no outro um rival a combater”.

“Quando vemos Deus deste modo, acabamos por sentir-nos insatisfeitos e descontentes, porque não nos deixamos guiar por Aquele que é o fundamento de todas as coisas”, precisou.

Noutro ponto da sua homilia, o Papa pediu que a Bíblia não seja vista como “um objecto para o estudo e a discussão dos especialistas”, mas como “o Livro que indica o caminho para chegar à vida”.

Esse caminho, apontou, levou os Magos até Belém, “pequena cidade”, para “o meio dos pobres, os humildes”, porque “os critérios de Deus são diferentes daqueles dos homens”.

O Papa voltou a questionar o que diria cada um dos presentes relativamente à forma como Deus deveria “salvar o mundo”.

“Talvez respondêssemos que (Deus) deveria manifestar todo o seu poder para dar ao mundo um sistema económico mais justo, no qual cada um pudesse ter aquilo que quer”, referiu.

Bento XVI observou, contudo, que “o poder de Deus se manifesta de modo completamente diferente, em Belém, onde encontramos a aparente impotência do seu amor”.

Como habitualmente, a celebração da Epifania foi o momento escolhido para o anúncio solene do dia da Páscoa (festa sem data fixa, no calendário litúrgico católico), que este ano acontecerá a 24 de Abril.

OC

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