Papa: «A Igreja precisa de perdão e os padres são instrumento para perdoar» – Francisco

Num encontro com padres, religiosos e religiosas em Verona, numa visita pastoral, Francisco afirmou necessidade de audácia e de cultivar memória do «primeiro chamamento do Senhor»

Verona, 18 mai 2024 (Ecclesa) – O Papa Francisco pediu hoje aos padres, religiosas e religiosas, que não esqueçam o momento em que se sentiram “chamados pelo Senhor” e dirigindo-se aos padres pediu que no sacramento da reconciliação, “perdoem sempre”.

“Os padres que são ministros do sacramento da penitência, por favor, perdoar tudo. E quando as pessoas se vão confessar, se vocês não entendem, o Senhor entende. Por favor não torturar os penitentes”, pediu no encontro com os sacerdotes e com os religiosos que encheram a Basílica de São Zenão, em Verona.

“Conheci um padre que não era rígido, mas conservador, e diante da penitência eu ouvi-o dizer que algumas pessoas têm dificuldade em dizer as coisas. E ele disse: ‘Eu não entendi, mas Deus entendeu’. Que não seja um momento de tortura. Perdoar tudo. E perdoar sem fazer sofrer, abrir o coração à esperança. Peço isso aos sacerdotes. A Igreja tem necessidade de perdão e vocês são instrumento para perdoar”, acrescentou.

O encontro no interior da basílica começou com um momento de oração junto da imagem de são Zenão, habitualmente na cripta da igreja, mas deslocada para a nave nesta ocasião de encontro com o papa Francisco.

Momentos depois, o Papa Francisco já sentado numa cadeira, deixou que várias religiosas de clausura se aproximassem e o cumprimentassem com alegria.

“Quis começar ser saudado por estas mulheres que são irmãs de clausura, primeiro. Viram como elas estão? A clausura não tira a alegria e elas não fofocam nunca”, explicou.

Francisco começou por brincar: “Têm paciência? São oito paginas…”, apontando para o discurso que tinha na mão.

No encontro que manteve aos padres, religiosas e religiosos e leigos consagrados na Basílica de São Zenão, Francisco pediu aos presentes que não esquecessem o momento em que sentiram ser “chamados pelo Senhor” e lembrou que esse encontro “não depende de méritos pessoais”.

“Na origem da vida cristã está a experiência do encontro com o Senhor que não depende nos nossos méritos ou compromissos, mas do amor com que nos vem procurar, quando bate à porta do nosso coração e nos convida a uma relação com ele. Eu deixo-me encontrar pelo senhor? Encontrei-o? Na vida consagrada não estão os nossos méritos mas o olhar surpreendente do Senhor, o seu olhar que se inclinou sobre nós e nos escolheu para este ministério. Somos pecadores como os outros e isso é pura graça, pura gratuidade”, sublinhou.

Francisco pediu para cultivarem a memória do “momento ou do tempo” em que se sentiram chamados porque isso é ocasião de alegria.

“Se perdermos a memória corremos o risco de nos colocarmos no centro e não o Senhor, de colocarmos no centro atividades que servem mais a nossa causa do que a do Senhor, projetos e não procuram consensos, mas fazer carreira. Em vez de gastar a vida pelo Evangelho e pelo serviço gratuito. Foi Ele que nos escolheu. Ele no centro”, indicou.

O Papa convidou a resistir, perante momentos de desânimo, a “não parar”.

“A nenhum o Senhor disse que tudo seria bonito ou tranquilo. Não. A vida é de momentos de alegria, de momentos escuros. Resistir. A capacidade de seguir em frente. Quando a experiência de recordar o primeiro chamado está enraizada em nós podemos ser audazes na missão a cumprir”, explicou.

Aos presentes, Francisco pediu a “santa fraternidade capaz de ir ao encontro das necessidades dos marginalizados, dos mais pobres e a cuidar das feridas”.

“Não esqueçam as feridas da Igreja, dos pobres. Não esqueçam o bom samaritano que para e vai curar as feridas. Uma fé que se traduziu na audácia da missão. Hoje precisamos disto, da audácia do testemunho e do anúncio, da alegria, desenvoltura que sabe captar os sinais do nosso tempo e escutar os sinais de quem mais precisa. Devemos levar a todos a carícia da misericórdia de Deus”, pediu.

Finalizando o seu discurso, o Papa lembrou Verona como a “cidade do amor, não só na literatura, como na vida”.

“Rezem por mim, mas rezem a favor, não contra”, brincou.

O Papa visita a cidade italiana de Verona, para um encontro dedicado à paz.

Depois de um primeiro encontro na Basílica de São Zenão, o Papa reúne-se com crianças e jovens, antes de seguir para o encontro ‘Arena da Paz – Justiça e Paz beijar-se-ão’, um dos momentos centrais da viagem.

Francisco visita a prisão de Montorio, a partir das 11h45, discursando antes do almoço com reclusos.

Os momentos finais acontecem depois das 15h00, no Estádio Bentegodi, com a celebração da Missa e a despedida oficial, antes do regresso ao Vaticano.

LS

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