Pais uniram-se em defesa das escolas católicas

Manifestação em colégio de Aveiro uniu mais de duas mil pessoas contra medidas governamentais para o sector

Milhares de pessoas uniram-se no Colégio de Calvão, Vagos (Aveiro), para uma manifestação em defesa das escolas católicas, face às medidas anunciadas pelo Governo para o ensino particular e cooperativo.

Sob o lema “Pela escolha da educação, contra a imposição!”, o padre Querubim Silva, presidente da Associação Portuguesa das Escolas Católicas (APEC), defendeu a importância de “valorizar este património cultural construído a pulso, por Escolas de iniciativa particular”.

“Estimamos a democracia, queremos a liberdade, queremos uma escola de qualidade para as nossas crianças, os nossos adolescentes, os nossos jovens. Queremos que todos, ricos ou pobres, tenham acesso, em igualdade de circunstâncias, a uma escola de qualidade”, disse.

A iniciativa decorreu no Domingo, 5 de Dezembro, por iniciativa das Associações de Pais dos colégios de Bustos (Instituto de Promoção Social de Bustos), de Mogofores (Colégio de S. João Bosco), de Famalicão de Anadia (Colégio de Nossa Senhora da Assunção) e de Calvão (Colégio de Nossa Senhora da Apresentação), às quais se juntaram dezenas de representações de outras Associações de Pais e direcções de escolas do ensino particular e cooperativo do país.

Para Jorge Cotovio, secretário-geral da APEC os 36 anos de democracia “ainda não foram suficientes para se aprender que o Estado tem a obrigação de garantir a educação para todos, mas não tem que ser somente ele (nem principalmente ele) a prestar esse serviço”.

O ex-director regional de Educação do Centro, José Manuel Silva, na qualidade de pai, incentivou os que, como ele, estão indignados contra o que o Governo, a “força da reacção”, quer fazer.

Em Novembro, o executivo aprovou, em Conselho de Ministros, um decreto-lei tendo em vista a renegociação dos contratos entre o Ministério da Educação e as escolas particulares, para a “diminuição da despesa pública, no âmbito do esforço nacional de equilíbrio das contas públicas”.

A medida é justificada pelo facto de a rede de escolas públicas e a respectiva oferta “ter crescido significativamente”, pelo que o financiamento às escolas particulares e cooperativas “já não necessita de ser tão intenso como há uns anos”.

Virgílio Mota, do Colégio de S. Miguel, de Fátima, referiu que se vierem a concretizar-se os incompreensíveis cortes de 30% no financiamento às escolas com contrato de associação, isso significará, juntamente com a legislação anunciada, o encerramento de muitos estabelecimentos que durante décadas foram pólos de cultura e desenvolvimento de regiões desfavorecidas.

João Asseiro, Presidente da Federação Nacional de Associações de Pais das Escolas Católicas e os testemunhos de mais cinco presidentes de Associações de Pais presentes reforçaram a ideia de que escolheram a escola para os seus filhos devido aos princípios e aos valores educativos que se vivem nelas.

Para D. António Marcelino, bispo emérito de Aveiro e actual responsável da Comissão Episcopal de Educação Cristã, “o povo é quem mais ordena” e se o exercício de poder não for um serviço, torna-se num abuso, que tem de ser denunciado e corrigido por cidadãos conscientes e activos.

O actual Bispo de Aveiro, D. António Francisco, por seu lado, comunicou à assembleia a solidariedade da Igreja.

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