Paganização da cultura obriga a novos métodos catequéticos

Bispos portugueses dão orientações para catequese actual Durante séculos, num contexto de cristandade, “a comunicação da fé passava quase espontaneamente de pais para filhos. O cristianismo fazia parte do património moral e cultural que se recebia da família e do ambiente. Hoje, porém, a transmissão da fé encontra dificuldades e levanta questões. Parece verificar-se menos abertura à fé tanto da parte das crianças e adolescentes como dos jovens e adultos” – reconhece o documento da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) intitulada «Para que acreditem e tenham a vida» que oferece orientações para a catequese actual. Este documento da CEP, tornado público hoje, realça também que as dificuldades crescentes “na adesão ao Evangelho estão certamente relacionadas com as profundas transformações sócio- culturais que caracterizam um mundo novo. O modelo tradicional da comunicação da fé foi posto em causa no seio de uma sociedade pluralista, pluricultural, plurireligiosa e secularizada”. E acrescenta: “também o racionalismo, a mentalidade científica e tecnológica produzem uma erosão do facto religioso. Estamos diante de uma mudança profunda, em alguns aspectos inédita em relação ao passado, que exige ser reconhecida e interpretada com urgência e lucidez”. Perante estes factos, as «Orientações para a catequese actual» sublinham que à medida que a Igreja toma consciência da descristianização do ambiente social procura “responder a esta situação renovando a sua acção pastoral numa perspectiva de evangelização. Face ao alastrar da indiferença religiosa e à paganização da cultura e da vida, não basta manter as tradições e os hábitos cristãos e responder ao pedido de ritos religiosos”. Torna-se necessário despertar a fé no “coração das pessoas, converter os baptizados que não conhecem ou não praticam o cristianismo, levar o evangelho aos afastados. É preciso começar a evangelizar pelo princípio, pôr em prática uma nova evangelização” – alerta. A catequese é um momento “estruturante da evangelização”. Precisa, portanto, de ter presentes as características “da evangelização no mundo actual e situar-se neste processo com a sua identidade própria e o seu contributo específico”. Para se tornarem evangelizadoras, as acções da Igreja devem ser realizadas “de uma forma renovada, em resposta à situação religiosa da nossa cultura. È necessário encontrar caminhos novos que levem ao encontro das pessoas afastadas, ouvir as suas questões e iluminá-las com o evangelho”. Nesse sentido a catequese, no contexto da nova evangelização, deve revestir algumas características: “adoptar um caracter missionário procurando assegurar a adesão à fé. Para isso precisa de ir ao encontro da vida real dos catequizandos e de ter em conta as suas questões e experiências de modo a responder-lhes”; “Centrar-se no kerigma, ou seja, na pessoa de Jesus Cristo Ressuscitado e no Seu mistério de salvação. Jesus Cristo deve ser apresentado como Boa Nova, fonte de esperança e de sentido para a vida humana e para as questões das pessoas e da sociedade” e “Convidar constantemente a uma atitude de conversão ao Senhor em ordem ao crescimento na santidade pessoal e ao compromisso com o testemunho do Evangelho no mundo” – revela o texto dos bispos. Dividida em 7 pontos, o documento sobre as orientações para a catequese actual sublinha que durante muito tempo consideraram-se as crianças como “os destinatários privilegiados de catequese. Hoje esta actividade pastoral deve dirigir-se a todas as idades, pois todas as idades precisam de ser evangelizadas”. Por outro lado, a situação cultural e religiosa da Europa exige a “passagem de uma fé apoiada na tradição social a uma fé mais pessoal e adulta, esclarecida e convicta”. Só assim, os cristãos poderão “confrontar-se, criticamente, com a cultura actual e influir, eficazmente, nos vários sectores da vida social: cultura, economia e política” – menciona. Em relação ao papel desempenhado pelos catecismos, a nota veicula que estes são instrumentos para fazer catequese. “Desempenham uma função importante mas não são suficientes. Na verdade, a transmissão da fé assenta em vários outros elementos como o testemunho da Igreja, o exemplo de vida cristã da família e da comunidade local, o percurso pessoal de fé, a comunicação entre o catequista e catequizando, etc. Os catecismos são textos escritos de apoio que precisam de vida. É a comunidade cristã e o catequista quem dá vida ao catecismo”. Notícias relacionadas •Para que acreditem e tenham a vida

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