D. Carlos Azevedo defende no Congresso Internacional «À Escuta da Palavra» maior valorização dos leigos
D. Carlos Azevedo alertou para a necessidade de os sacerdotes serem libertos das inúmeras tarefas que assumem actualmente para descobrirem a sua missão específica.
O bispo auxiliar de Lisboa falava no Congresso Internacional «À Escuta da Palavra» que decorre em Braga até sexta-feira, dia 15 de Janeiro.
No meio de muitas tarefas, os padres devem ter atenção para que a missão do sacerdote não seja secundarizada por funções assumidas pontualmente, alertou D. Carlos Azevedo.
O bispo auxiliar alertava para que o padre não seja um “funcionário e concentre em si tarefas que deveriam ser de leigos”. Desta forma, “ele deixa de corresponder àquilo que se espera de um padre hoje, sobretudo num tempo em que os padres são poucos”.
D. Carlos Azevedo pediu às dioceses portuguesas uma “reflexão”. “Encontrem o que é específico na vocação sacerdotal para que o padre seja liberto para a sua missão”, combatendo, deste modo a falta de tempo para algumas tarefas pastorais.
As pessoas devem reconhecer o padre na sua qualidade de sacerdote, considerou o bispo auxiliar de Lisboa. “Se houver leigos que, voluntariamente ou profissionalmente, possam executar outras tarefas, devem ser-lhes confiadas”.
O bispo auxiliar de Lisboa lamentou a “grande desvalorização” do papel dos leigos na Igreja portuguesa.
“Para a preparação da visita do Papa a Portugal, o Vaticano mandou três leigos. Portugal põe um bispo a preparar a viagem”, referiu D. Carlos aos presentes no Congresso Internacional.
Sobre a falta de tempo, D. Carlos afirmou ser “um mito”. O bispo auxiliar de Lisboa afirmou que a organização e a percepção do que é importante é essencial para uma orientação de vida.
“A disciplina de vida é essencial para o futuro”, defende D. Carlos. Enquanto sacerdote “o tempo a Deus não se pode vender. Se sou um homem de Deus, tenho de ter tempo para a oração”, para estar com as pessoas e para o estudo, referiu.
“Os problemas de hoje são complexos. A cultura, a economia, os problemas sociais exigem um pensar e não soluções imediatas. Um líder, como um padre é chamado a ser, precisa de espaços de silêncio e reflexão”.
D. Carlos Azevedo critica a falta de planificação. “O que cansa mais é o facto de não haver uma planificação pastoral, em vista ao caminho que devemos percorrer. A sua ausência desgasta mais. A planificação dará espaços e criará caminhos para o que é específico de leigos”.
Sobre a formação dos futuros sacerdotes, D. Carlos Azevedo dá conta de uma preocupação. “Vejo alguma orientação voltada para o passado. Procura-se um refúgio no passado para resolver os problemas do tempo presente”, alerta.
“A História não anda para trás, só para a frente. Quem se refugia no passado só terá mais problemas. O caminho de Deus é o caminho do futuro” e, segundo D. Carlos, “temos que ir adivinhando esses caminhos”.
O bispo auxiliar de Lisboa partilhou o seu “receio” ao perceber “alguns a querer regressar ao passado, seja na liturgia, na forma de receber as pessoas, em encontrar refúgio na residência paroquial, desvalorizando o mundo laical. Nesse sentido tenho algum receio”.