Projeto de cooperação nasceu em 2003 e centra-se num território afetado pela violência que atinge a província de Cabo Delgado
Braga, 20 out 2020 (Ecclesia) – A Arquidiocese de Braga vai enviar uma equipa missionária, constituída por três voluntários, para a paróquia de Santa Cecília de Ocua, na Diocese de Pemba, Moçambique.
“Salama” é o nome do projeto de cooperação missionária que une as comunidades católicas lusófonas desde 2003, quando um acordo com a Sociedade Missionária da Boa Nova levou dois sacerdotes de Braga a partir em missão para aquele território, durante dois anos.
A cooperação aprofundou-se em 2012, quando o arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, decidiu irmanar missionariamente uma paróquia extraterritorial – Ocua, em Pemba, passa a ser considerada a ‘paróquia 552’ da arquidiocese minhota.
Sacerdotes diocesanos e leigos de Braga têm feito experiências missionárias por períodos de um ano; em 2020, a equipa vai ser constituída por duas leigas e um padre, Manuel Faria, que já tinha passado por missões na Guiné-Bissau e em Angola.
“Sempre quis partir, mas o desafio não era fácil para um sacerdote diocesano que tem muitas paróquias à sua responsabilidade” refere à Agência ECCLESIA.
A cooperação missionária entre Braga e Pemba possibilita agora a concretização do sonho missionário: “D. Jorge Ortiga convidou-me e disse que o trabalho das paróquias ficaria assegurado; eu não pensei duas vezes e aceitei”.
Neste momento, apenas o visto atrasa a partida do padre Manuel Faria, que deverá acontecer no início de novembro.
A equipa inclui Fátima Castro, natural da Póvoa do Lanhoso, que deixou o emprego para poder fazer esta experiência: “Nós somos missionários, porque batizados, e este desejo de partir já o sentia há alguns anos”.
A ponte missionária faz com que, no clero de Braga, haja quem aplique na pastoral o que trouxe da experiência em Moçambique.
O padre Paulino Carvalho é atualmente o responsável pela comunidade de Nossa Senhora da Oliveira em Guimarães, e trabalhou dois anos na Diocese de Pemba.
“Voltei diferente pela riqueza de poder partilhar com aquele povo uma riqueza de vida e também uma experiência pastoral”, relara.
O sacerdote recorda o tempo e a maior tranquilidade que permitiam estar mais próximo das pessoas e possibilitava um maior envolvimento pastoral; agora, vai sensibilizando os sacerdotes da arquidiocese para a importância de uma experiência como esta.
“Acho que às vezes já estão cansados de me ouvir falar desta experiência, mas na verdade, cabe-me agora esse testemunho e esse inquietar os colegas a dizer que é possível e bom para forma como concretizamos a nossa missão”, assinala.
O projeto é enquadrado pelo Centro Missionário Arquidiocesano de Braga (CMAB), dirigido por uma leiga, Sara Poças, com um passado de experiência missionária em diferentes países.
“A ideia é que essa animação missionária não fique apenas a cargo das congregações religiosas missionárias, mas que, aqui neste Centro, unam o seu esforço à ação dos leigos”, realça a responsável.
Sara Poças afirma que o projeto “Salama” é a possibilidade de testemunhar no concreto a experiência missionária e desafiar leigos e padres a fazer a experiência.
A instituição acompanha de perto a onda de violência que atinge a província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, onde já existem mais de 250 mil deslocados internos
O CMAB lançou a campanha ‘Todos juntos por Cabo Delgado’, que recolhe apoio financeiro para auxiliar os deslocados através do campo de refugiados que está a 40 quilómetros da cidade de Pemba.
Neste momento o auxílio chega da Cáritas diocesana e da própria diocese.
“Apelamos a quem puder colaborar que se envolva nesta missão”, pede Sara Poças.
O programa de formação de voluntários para 2021 arranca no dia 14 de novembro, com um encontro inicial que visa a divulgação desta cooperação missionária Braga-Pemba.
HM/OC