Luis Filipe Santos, Agência ECCLESIA
Estamos no período defeso do ano civil futebolístico, todavia apetece recordar algumas expressões utilizadas nos órgãos de comunicação social para definir algumas jogadas que os atletas desenham no relvado. “A equipa utilizou todas as armas contra o adversário”; “o guarda-redes defendeu uma autêntica bomba do avançado”; “o petardo passou a centímetros do poste”; “contra-ataque fulminante”; “o número 9 é um autêntico bombardeiro”; “o extremo passou pela defesa como uma flecha”; “a equipa da casa massacrou o opositor”; “o adversário está encostado à parede”; “dispostos a morrer em campo”; “o jogo parecia uma batalha campal”; “um autêntico massacre no relvado”; “o extremo rompeu a muralha defensiva”; “a defesa caiu na armadilha do avançado” e “o tiro só parou no fundo das redes”.
Todas estas expressões têm um denominador comum… Pelo meio, está um termo bélico. Estas metáforas utilizadas nas crónicas e nos relatos de futebol entraram no léxico futebolístico. Uma linguagem mavórtica que se prolonga depois do jogo ter terminado. Confrontos entre claques… debates televisivos. Tudo serve para alimentar a voracidade de tantos adeptos que vibram mais com a cor clubística do que com o espetáculo que decorreu nas quatro linhas.
Se os termos metafóricos fossem substituídos por uma linguagem mais estética, talvez o fenómeno futebolístico fosse mais atraente. Os 22 atletas com a equipa de arbitragem são atores de um espetáculo que envolve milhões. Eles não são guerreiros que utilizam o tapete verde para um combate. Esta pedagogia devia começar pelas estruturas hierárquicas dos clubes. Os responsáveis dos clubes, juntamente com os agentes da comunicação social, deviam valorizar mais a arte que os jogadores demonstram no relvado e deixar para segundo plano as batalhas linguísticas.
Portugal já foi campeão europeu de futebol e os seus atletas espalham magia nos relvados dos quatro cantos do mundo… Os treinadores dão lições táticas aos seus parceiros europeus.
Atualmente, este desporto que se chama futebol deve colocar os futebolistas como os atores principais. O palco é deles e não dos egos de alguns agentes deste desporto.
Se a linguagem bélica fosse substituída por termos futebolísticos… A bola que rola no tapete seria uma autêntica gota de orvalho que tornaria a relva mais luzidia e o ódio reinante no futebol virava a página deste espetáculo.
É caso para dizer… Dez meses com morteiros e os restantes dois a falarem de milhões de euros que compram e vendem pessoas. O futebol é paixão… A magia dos milhões de euros que alguns países do Médio Oriente acenam tem odores artificiais.