Os limites do diálogo inter-religioso

A influente revista jesuíta “La Civiltà Cattolica” aborda na sua última edição o problema do diálogo inter-religioso, denunciando a atitude de certos teólogos cristãos que tendem a considerar que “todas as religiões são verdadeiras e conduzem a Deus, mesmo que por caminhos diferentes”. Para esta publicação, cujos textos são revistos pela Secretaria de Estado do Vaticano, acusa-os de “reinterpretar a religião cristã”. “Num mundo pluricultural e multireligioso como o de hoje, uma das urgências da Igreja é o diálogo inter-religioso”, diz o editorial da revista. Nesse sentido, os autores da “Civiltà” redefinem vários termos e condições, de modo a que o diálogo seja possível. “Apesar de certos homens de religião terem uma tendência fundamentalista e integrista, ocupando-se em fomentar a luta entre religiões, o ódio e a intolerância entre os crentes, as religiões não devem combater-se, mas viver juntas no respeito mútuo”. A definição de objectivos comuns – como a eliminação da pobreza, do subdesenvolvimento, do trabalho infantil ou do terrorismo – é considerada como fundamental para que as partes se conheçam e trabalhem juntas. Este “diálogo de vida”, contudo, não basta para eliminar todos os obstáculos que se colocam ao caminho inter-religioso, sobretudo a nível teológico. Para a publicação, é frequente que “os interlocutores das grandes religiões desconheçam aquilo em que os outros acreditam”. A permanência de preconceitos é outro dos obstáculos apontados. “O papel dos cristianismo é o de fazer conhecer a sua verdadeira natureza e desmontar esses preconceitos e falsas interpretações que emergiram ao longo dos séculos”, afirma-se. O objectivo, asseguram os editorialistas, não é o de considerar todas as religiões como iguais, mas “colocar em relevo os valores religiosos e humanos do cristianismo, para que possam ser considerados pelas outras religiões e as enriqueçam, humana e religiosamente”.

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