Mosteiro novo

Monjas Carmelitas inauguram mosteiro em Paços de Ferreira É com aparente contradição que se vê um mosteiro para monjas de clausura ser inaugurado. Uma casa nova, construída em ordem um estilo de vida que – poderia pensar-se – está reservada a um pequeno grupo de mulheres ou de homens. Não será assim… e um novo mosteiro afirma a vitalidade de quem opta pela clausura e que a missão confiada a religiosas está para além de classificações recorrentes. Prova disso está na reacção da população vizinha ao Mosteiro, próximo de Paços de Ferreira: “quando nós chegamos as pessoas sofreram uma espécie de decepção, porque estavam à espera de umas ‘irmãzinhas’ que viessem abrir um infantário ou um lar de terceira idade. Quando perceberam que éramos monjas contemplativas – algo que não percebiam muito bem o que era isso – e que não vínhamos abrir um infantário ou lar, nós mesma sentimos uma decepção nas pessoas”. Mas o contacto com as religiosas apagou a desilusão. Com o Mosteiro sempre aberto, as carmelitas contagiaram as populações através do que melhor sabem fazer: rezar! No dia da inauguração de uma nova casa, construída a pensar no ritmo de vida da clausura e servindo-se do que a tecnologia a isso ajuda, vivia-se ainda muita azáfama para quem optou pelo silêncio. “As irmãs fizeram de construtoras, de administradoras da obra. Estão exaustas”, dizia a Mestre de Noviças, Irmã Vera Maria de Jesus à reportagem da ECCLESIA. Durante três anos, viram a obra nascer e crescer. Do Mosteiro do Porto foram para a Casa de Stª Maria de Bande, inserida numa quinta doada às Carmelitas pelos Monges de Singeverga. Recuperaram a casa, fizeram dela Mosteiro e trataram de construir um novo, logo ali ao lado. Pediram em Portugal e além fronteiras e conseguiram erguer a obra! Na passada sexta-feira, foi dia de festa: a inauguração. Primeiro, uma procissão desde a Casa de Stª Maria de Bande (a partir de agora hospedaria para todos os que queiram “procurar a verdade”) até ao novo Mosteiro; depois, a bênção dos sinos, a dedicação da nova Igreja e a bênção do Mosteiro. “Esta é a primeira etapa, a etapa rudimentar, a etapa das pedras…” – afirmava, convicta, a Mestra de Noviças. Agora, “vamos ver o que Deus continua a querer de nós, até porque a vida é um dinamismo. Há muitos projectos no ar – sobretudo no nosso coração – de diálogo ecuménico, de diálogo inter-religioso, diálogo inter-monástico”. A celebração de inauguração concretizou já esses projectos, os que estão no coração: estavam presentes irmãs de outros Mosteiros e, sobretudo, responsáveis por outras Igrejas Cristãs. D. Armindo Lopes Coelho presidiu e lembrou que a vida em clausura é motivo de “escândalo”, caso “não seja compreendida”. Paradoxalmente, vai crescendo o número dos que compreendem a radicalidade da consagração de quem vive para rezar e trabalhar e também dos que sentem necessidade de se abeirar desse silêncio monástico para recuperar o sentido para a vida. É para esses que a Hospedaria do Mosteiro do Coração Imaculado de Maria, na Quinta de Bande, em Paços de Ferreira, está aberto. Do outro lado, o Mosteiro das Carmelitas com capacidade para 35 monjas.

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top