Oração, escuta, anúncio e transformação: os dias de um missionário na Guiné-Bissau

Franciscano Michael Daniels está em Portugal para participar no Fórum Lisboa 2009

“Gosto que o Evangelho penetre a vida das pessoas, que não seja só tangencial, mas que se torne em chave de leitura da vida e seja motor de esperança”, atesta o missionário franciscano Michael Daniels, que vive na Guiné-Bissau.

Durante a sua estadia em Portugal para participar no Fórum Lisboa 2009, o religioso de origem norte-americana falou à ECCLESIA Rádio dos seus dias de oração, escuta e anúncio.

Um anúncio que passa pela catequese, mas também pelo ensino – “educar bem permite apostar em mulheres e homens melhores no amanhã” – e pela promoção da dignidade humana.

Aprender de todos

Nas visitas às prisões e através da sua participação na Comissão Justiça e Paz, o Fr. Michael denuncia as situações de injustiça e procura resolver carências médicas, alimentares e legais.

Dos reclusos, diz que são “um espelho para cada um de nós”: “Naquele que errou, vejo por vezes outro eu, que também falha e precisa de um olhar misericordioso sobre as minhas misérias”, observa.

“Os presos também podem mudar, converter-se, e recuperar a dignidade perdida”, e neste sentido percorrem “um caminho de redenção”, ao qual “também somos chamados”.

“Aprende-se sempre algo”, diz o Fr. Michael das lições de humanidade que recebe do “outro”, mesmo que esteja detido, mesmo que tenha tirado a vida a alguém.

Um povo disposto a ouvir

“Calar, escutar, pensar antes de falar” são algumas das virtudes “que se aprendem muito em África”, refere o missionário.

A sabedoria popular guineense, esclarece, “é uma espécie de «re-narração» da sabedoria evangélica, traduzida na língua e nos costumes de um povo”.

Esta adaptação expressa-se em narrativas que envolvem a natureza, os animais e as figuras semi-mitológicas, das quais “sai sempre uma moral e uma síntese útil para a vida”.

Enfrentar as pobrezas com a força da oração

Para enfrentar “as pobrezas que me esperam”, a oração acompanha toda a jornada do religioso. Enquanto homens, “precisamos desta obra de transfiguração diária, que é também a nossa conversão”

“Desde que encontrei Deus, e foi bastante cedo na minha vida, com 12, 13 anos, nunca o abandonei. Mas penso que ele é que nunca abandona o homem a partir do momento em que o encontra realmente”, testemunha o Fr. Michael.

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