ONU: Secretário de Estado do Vaticano apela a cessar-fogo no Médio Oriente, perante risco de nova guerra mundial

Cardeal Pietro Parolin interveio no debate geral da 79.ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas

Foto: Lusa/EPA

Nova Iorque, Estados Unidos da América, 28 set 2024 (Ecclesia) – O secretário de Estado do Vaticano mostrou-se hoje “profundamente preocupado” com o aumento “preocupante” do número de conflitos em todo o mundo, apelando a um cessar-fogo imediato no Médio Oriente.

“A atual situação no Líbano constitui um importante motivo de preocupação para a Santa Sé. A contínua intensificação do conflito entre o Hezbollah e os militares israelitas está a ter um impacto considerável na situação no Sul do Líbano e no Norte de Israel, pondo em risco toda a região”, declarou o cardeal Pietro Parolin, falando no debate geral da 79.ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque (EUA).

O representante do Vaticano evocou o “número significativo de pessoas deslocadas” e a “perda de vidas, incluindo muitos civis, entre os quais crianças.

“A Santa Sé exige, por conseguinte, que todas as partes adiram aos princípios do direito internacional humanitário, ponham termo à escalada e estabeleçam um cessar-fogo sem demora”, acrescentou.

Infelizmente, como diz o Papa Francisco, estamos a assistir a uma terceira guerra mundial travada de forma fragmentada. No meio da tragédia em curso da guerra russa na Ucrânia, estamos perante uma situação que exige uma ação urgente para evitar uma nova escalada e criar um caminho para uma resolução justa e pacífica”.

A intervenção destacou vários cenários de crise, em todo o mundo, com destaque para o conflito entre Israel e o Hamas, em particular na sequência do ataque terrorista de 7 de outubro de 2023, por parte do grupo islamita da Palestina.

Segundo o cardeal Parolin, a resposta militar de Israel, “considerando o elevado número de vítimas civis, levanta muitas questões sobre a sua proporcionalidade”.

“A Santa Sé apela a um cessar-fogo imediato em Gaza e na Cisjordânia, bem como à libertação dos reféns israelitas em Gaza. Apela também à concessão de assistência humanitária à população palestina”, disse o colaborador do Papa.

Para o responsável diplomático do Vaticano, “a única solução viável é uma solução baseada na existência de dois Estados, com um estatuto especial para Jerusalém”.

O cardeal italiano lamentou que cada vez mais pessoas que não estão a participar nas hostilidades sejam atingidas.

“É evidente que o ataque a locais de culto, instituições de ensino, instalações médicas e outras infraestruturas civis é um fenómeno predominante”, advertiu, pedindo a “estrita observância do direito internacional humanitário em todos os conflitos armados”.

O mais direto colaborador do Papa sustentou ainda que “um mundo livre de armas nucleares é simultaneamente necessário e possível”.

O discurso evocou temas como as “novas formas de pobreza”, a defesa da vida humana “desde o momento da conceção até à morte natural”, a dignidade dos migrantes e refugiados ou as alterações climáticas.

D. Pietro Parolin deixou ainda uma referência à situação na província de Cabo Delgado, em Moçambique, “afetada por um conflito armado durante sete anos, com quase novecentos e cinquenta mil deslocados internos que enfrentam desafios significativos, incluindo níveis alarmantes de sofrimento, insegurança e pobreza”.

“A Santa Sé, como tem feito nestas últimas seis décadas, continua a apoiar o trabalho das Nações Unidas, fazendo ouvir a sua voz em defesa dos pobres, daqueles que se encontram em situações vulneráveis, apoiando todos os processos e iniciativas de paz”, concluiu o secretário de Estado do Vaticano.

OC

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