ONU atenta ao bem comum mundial, pede a Santa Sé

A reforma de que a ONU precisa para evitar perder relevância afecta o modo como se tomam as decisões no organismo internacional e passa pela vontade política de cada Estado membro de promover os seus interesses em função do bem comum mundial.

Foi o que afirmou o observador permanente da Santa Sé nas Nações Unidas, D. Celestino Migliore, por ocasião da 64ª sessão da Assembleia Geral da ONU, que reúne 130 chefes de Estado e de Governo de 23 a 30 de Setembro, em Nova Iorque.

O representante da Santa Sé afirmou que “existe, sem dúvidas, a percepção preocupante de que sem uma reforma precisa da modalidade de decisão, a ONU retrocederá para uma perigosa perda de relevância”.

Também apontou que “o problema não é encontrar soluções técnicas e institucionais adequadas”, disse.

Para D. Migliore, “a questão está na vontade política de cada um dos membros que compõem a Organização, e especialmente dos que exercem uma maior influência política, económica, militar ou demográfica, de saber usar, ou seja, de ter a audácia de promover os próprios interesses nacionais no contexto e em função da promoção do bem comum mundial”.

“Deveria fazer-se das organizações internacionais um lugar não de partilha do poder, mas de atenção e resposta efectiva aos problemas das pessoas”, indicou.

Sobre a reforma institucional da ONU, e concretamente do Conselho de Segurança, D. Migliore destacou que “não se trata de pensar unicamente na ampliação a novos países, mas sobretudo da questão do veto”.

Na opinião do observador permanente da Santa Sé, o veto no Conselho de Segurança “não pode ser visto mais em termos de privilégio ou de poder, mas deve ser considerado à luz da justiça e da solidariedade para responder rapidamente às emergências internacionais”.

Por outro lado, a recente conferência sobre a crise económica e financeira e o seu impacto sobre o desenvolvimento estabeleceu um grupo de trabalho para oferecer contribuições destinadas a desenhar de novo as instituições financeiras mundiais, recordou o Arcebispo.

Sobre a democratização da ONU, o representante da Santa Sé destacou que “actualmente, as grandes questões económicas e financeiras se debatem e regulam no seio de grupos restritos, como o G8 e o G20, enquanto que as Nações Unidas representam o G192”.

D. Migliore também se referiu à ideia de uma autoridade mundial capaz de enfrentar adequadamente os problemas da comunidade internacional, que Bento XVI defende na sua encíclica Caritas in veritate. Segundo este responsável, o Papa “pôs o acento na necessidade de que esta ordem social reconheça e respeite também uma precisa ordem ética e moral das coisas e esta é uma via imprescindível se queremos que a ONU mantenha relevância e eficácia”.

Redacção/Zenit

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