No passado dia 2 de Junho realizou-se a última conferência do ciclo «Vaticano II: 40 anos depois» que teve como tema “Omissões do Concílio” e proferida por Jacinto Farias, professor da Universidade Católica Portuguesa. Com este colóquio, realizado na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, e promovido pela Faculdade de Teologia, pretendeu-se “falar de tudo o resto que o Concílio não falou” no entanto “podemos dizer que o concílio respondeu a determinados problemas” e tentou “completar o Concílio Vaticano I” – realçou Jacinto Farias. Se o Concílio Vaticano I desenvolveu toda a sua “Teologia sobre o Pontificado Romano e a sua importância na Igreja” o Concílio Vaticano II coloca a sua tónica na declaração da “sacramentalidade do Episcopado como plenitude do Sacramento da Ordem”. O Vaticano II está muito situado para “completar na eclesiologia” o que o seu antecessor tinha iniciado. Para além deste complemento o “Vaticano II pretende responder também sobre a relação da Igreja com a Modernidade” – salientou este professor à Agência ECCLESIA porque o “Dogma da Infalibilidade Pontifícia representa um momento crítico e de tensão na relação da Igreja com o Mundo”. Ao longo do século XX este tema amadureceu e “tomou-se consciência que esta relação devia voltar e empreender uma nova relação”. Com o Vaticano II começa uma nova metodologia, “a chamada leitura dos sinais dos tempos” no sentido de captar em todos estes, “os sinais da presença de Deus” e por conseguinte “ensaia uma leitura profética da história” – sublinhou Jacinto Farias. Quarenta depois “vivemos noutra atmosfera cultural” em que a própria concepção do mundo e dos seus sinais “evoluiu ou regrediu”. Enquanto nos anos 60, o entusiasmo antropológico “era dominante”, nos tempos correntes “este optimismo desapareceu”. Apesar destas contingências, a Gaudium et Spes “continua um texto admirável e está longe de estar esgotado”. Será que faz sentido falar de Um Concílio Vaticano III? Perante esta questão, Jacinto Farias referiu que “poderia falar-se no Vaticano III para enfrentar problemas novos” porque “40 anos depois vivemos numa situação cultural nova”. Mas adianta que o Concílio Vaticano II “não foi ainda de todo recebido”.
