OCPM propõe presidência aberta sobre a emigração

Comunidades portuguesas no mundo estão esquecidas A Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM) defendeu no Plenário Mundial do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP) que o presidente da República deveria promover, no nosso país, uma “presidência aberta” sobre a emigração. “Temos de voltar a pôr a emigração no centro das preocupações”, explica à Agência ECCLESIA o Pe. Rui Pedro, director da OCPM. A iniciativa defendida poderia ajudar, do seu ponto de vista, a superar “uma visão administrativa da emigração, que precisa de ser substituída por uma visão social”. “É fundamental mudar o olhar sobre a emigração: discutir as causas da partida, que forçam as pessoas a sair do país; olhar para os emigrantes como agentes do desenvolvimento local; trazê-los de volta ao nosso pensamento e ao modo de nos entendermos como Nação”, aponta. Outra das iniciativas defendidas no encontro com o CCP foi a criação de um “Observatório para a Emigração”, que ajuda a obter dados concretos sobre os portugueses espalhados pelo mundo e promova uma “reconceptualização” da condição migrante. Estas ideias estão intimamente ligadas às conclusões do I Encontro Mundial das Comunidades Portuguesas, promovido de 29 a 31 de Março passado no Porto pela Comissão Episcopal de Migrações e Turismo, com o apoio da Obra Católica Portuguesa de Migrações e o Secretariado Diocesano da Pastoral de Migrações, subordinado ao tema “Ousar a Memória – Fortalecer a Cidadania”. “Os emigrantes sentem-se esquecidos pelo seu país e é necessário acabar com o ‘branqueamento’ de situações iguais às que foram vividas na década de 60”, observa o Pe. Rui Pedro, preocupado com o desaparecimento do conceito de “emigração” quando se fala da mobilidade dentro da Europa. A OCPM apresentou as suas propostas precisamente ao intervir junto do Comité Regional da Europa sobre o tema “Fluxo Migratório Português na Europa e Directivas Europeias”. Perante as novas formas de viver a mobilidade (no espaço europeu asseguradas pelo direito comunitário de livre circulação de pessoas, serviços e bens), a Obra Católica manifestou as suas preocupações diante das “violações ao direito da livre circulação”, considerando que entre os “novos” emigrantes verifica-se impreparação para a partida, muita desinformação, isolamento, e, de forma preocupante, novas formas de exploração e de desigualdade de tratamento. “O nosso trabalho deve ser o de zelar pela integração dos emigrantes nos países de acolhimento, independentemente do tempo que lá passarem”, refere o director do OCPM. A CCP foi desafiada a procurar parcerias na sociedade civil, junto das organizações que no nosso país defendem os emigrantes, como forma de aproximar a organização à sociedade portuguesa. Noutro sentido, a OCPM defendeu a necessidade de apresentar, na RTP-Internacional, os programas “Nós” e “A Fé dos Homens”, da :2, como forma de mostrar aos emigrantes “a imagem do Portugal real”, inter-cultural e aberto. Os 96 membros do Conselho das Comunidades Portuguesas estão reunidos em plenário em Lisboa até amanhã para debater as linhas orientadoras de uma “política global” para a emigração. Os membros do CCP reúnem-se em plenário de dois em dois anos, tendo o último decorrido em Junho de 2003, logo após o segundo acto eleitoral para este conselho consultivo. Amanhã, pelas 15h00, o CCP apresentará o “Manifesto das Comunidades Portuguesas”, na sala do senado.

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