Obra da Rua

Quem acolher, em meu Nome uma criança como esta, acolhe-Me a mim. Alegramo-nos que a voz mais autorizada da Igreja, nesta Quaresma, chame a atenção do mundo humano e cristão para a criança, sobretudo para a criança desprotegida e realce o culto sagrado de quem acolhe um pequenino. É esta a força da Obra da Rua: — Acolher em Nome de Jesus quem não tem colo maternal, afecto paterno, cruzamento da vida adulta com a que desabrocha, numa doação total e completa como a dos pais em relação aos filhos. A Obra do Padre Américo é um grito pela família a favor daqueles que a não têm. Nasceu no coração deste sacerdote por amor de Jesus e para manifestar a sua ternura aos pequeninos: — crianças, pobres e doentes — e o revelar a todo o homem de boa vontade. Por eles nos pusémos a caminho de ser crianças: a) Pela pobreza desejada e vivida em realidade, a nível dos Pobres. Os Padres da Rua e as Senhoras da Obra, não têm nada, não ganham nada, só desejam amar e revelar Jesus Cristo através desta presença, que embora misteriosa é viva e concreta nos pequeninos, de forma tão convincente que qualquer pessoa limpa de preconceitos o descubra facilmente. b) Pela disponibilidade total que lhe é fornecida por esta consagração íntegra e absoluta da vida — as Senhoras da Obra e os Padres da Rua não têm família, nem casa, nem amigos, nem nada. São inteiramente daqueles a quem se dão. c) Pela confiança incondicional na bondade de Deus e Sua Providência continuada ao longo de todas as gerações e sentida, agora, em todos os momentos da vida. O tripé em que assenta a Obra são os conselhos evangélicos — condição básica para podermos acolher em sentido global um desamparado. Acolher com o espaço afectivo completo, segurança e futuro. As casas da Obra, tanto o Calvário para doentes rejeitados e sem família, como as Casas do Gaiato para rapazes desvalidos são famílias numerosas que têm como fonte e fundamento a doação das Senhoras e dos Padres neste ideal evangélico: dar a vida para ganhar a Vida. O espírito familiar é desenvolvido nos rapazes e com os rapazes chamando-os de forma natural e intuitiva a colaborar na condução da Comunidade e na realização possível das tarefas acessíveis à sua idade e maturidade de tal maneira que não é possível construir o espírito de família sem eles. Com eles, alicerçado no Evangelho e na experiência contínua com os mais pobres, o Padre Américo criou um projecto educativo ímpar que os Padres da Rua têm desenvolvido em todas as casas da Obra. Somos da Igreja católica, nunca a Obra celebrou acordos com o Estado nem se apoiou nele. Vive da generosidade do Povo de Deus e da comunhão com ele. Além do socorro aos mais pobres pagando rendas de casa, ajudando na Autoconstrução, construíndo casas, redimindo possíveis hipotecas de habitação, cortes de água e luz, pagando receitas médicas e distribuíndo alimentos e roupas, a Obra mantém o Calvário, refúgio de doentes sem ninguém, e oito Casas do Gaiato. Cinco em Portugal com uma população que ronda os 450 rapazes e em África: Malanje, Benguela e Maputo, com quinhentos rapazes. No Continente africano as Casas do Gaiato continuam a acolher crianças recém-nascidas e de poucos meses e desenvolvem uma vasta acção materno-infantil e escolar nas populações próximas abrangendo milhares de crianças. A primeira necessidade da Obra da Rua prende-se com a Fé da Igreja e a crise angustiante de vocações. Acreditar na paternidade de Deus, na fraternidade de Jesus e seguir os conselhos evangélicos como caminho de santidade, eis o desafio lançado a toda a Igreja para acolher crianças abandonadas, pois, como dizia o Padre Américo, tudo que é estado é episódico. Padre Acílio

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