Presidente e primeiro-ministro de Portugal também assinalaram morte do bispo timorense
Lisboa, 30 out 2021 (Ecclesia) – A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) manifestou “profunda consternação” pela morte de D. Basílio do Nascimento, bispo de Baucau (Timor-Leste), que faleceu hoje aos 71 anos de idade, em Díli.
“A Igreja em Portugal muito beneficiou da sua presença sábia e serena, em particular a Arquidiocese de Évora, onde Dom Basílio estudou, foi ordenado sacerdote e exerceu várias funções como a de pároco, professor de teologia, diretor espiritual no seminário e responsável pela pastoral das vocações”, refere uma nota enviada à Agência ECCLESIA pelo Secretariado-Geral da CEP.
Os bispos portugueses recordam o “relevante papel” de D. Basílio do Nascimento na “construção democrática da jovem nação timorense, sendo uma das vozes mais escutadas no período antes do referendo de 1999, sobretudo com os comentários sobre a situação em Timor-Leste”.
O texto evoca o “repentino falecimento” do bispo timorense, aos 71 anos de idade, vítima de ataque cardíaco.
“Regressado a Timor-Leste em 1994, foi nomeado administrador apostólico de Baucau dois anos depois, tornando-se bispo diocesano de Baucau desde 2004. Foi o primeiro presidente da Conferência Episcopal Timorense desde a sua criação em 2011, constituída pelas dioceses de Díli, Baucau e Maliana”, acrescenta a nota do episcopado português.
A CEP destaca que D. Basílio do Nascimento procurou sempre o apoio das dioceses portuguesas nos seus vários ministérios, “a nível pastoral, litúrgico, académico e material”, chegando a participar na Assembleia Plenária, como convidado.
No sentido da renovação da Igreja à luz do Concílio Vaticano II, que tinha na mente e no coração, não se cansou de promover a formação dos sacerdotes, consagrados, leigos, catequistas e líderes das comunidades cristãs”.
O responsável era bispo da segunda diocese do país lusófono desde março de 2004, após ter sido nomeado, a 30 de novembro de 1996, por São João Paulo II, como administrador apostólico de Baucau; foi ordenado bispo em 1997 e foi também administrador apostólico da Diocese de Díli.
Em 2011, tornou-se o primeiro presidente da Conferência Episcopal Timorense.
“Neste momento de dor e esperança, rezamos para que o Senhor acolha Dom Basílio na sua eterna paz e exprimimos a nossa oração amiga junto dos seus familiares e da Diocese de Baucau”, conclui a nota da CEP.
O primeiro-ministro português, António Costa, recorreu à sua conta do Twitter para lamentar o falecimento do responsável timorense.
“Foi com tristeza que tomei conhecimento da morte de D. Basílio do Nascimento, Bispo de Baucau. Sempre ao lado do povo e na defesa da liberdade e democracia em Timor Leste. Teve um papel preponderante no referendo sobre a independência do território, em 1999”, escreveu o chefe de Governo.
Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República Portugesa, publicou uma nota oficial em que “lamenta profundamente a morte do Bispo de Baucau, figura marcante da luta pela independência de Timor-Leste” e recorda “o papel fundamental que desempenhou na defesa da liberdade e democracia no seu país”.
O chefe de Estado apresenta “sentidas condolências à família de D. Basílio do Nascimento e a todo o Povo timorense por esta grande perda”.
O presidente da Assembleia da República Portuguesa também manifestou “profunda tristeza e consternação” perante a notícia da morte do bispo de Baucau, que recorda como “um dos principais rostos da independência de Timor-Leste, assim como da luta pela liberdade e pela democracia no país, valores e conquistas pelas quais nunca deixou de se bater”.
“Guardo na memória o encontro inesquecível que mantive com D. Basílio do Nascimento, em Timor-Leste, que me permitiu aferir da sua grande humanidade, simpatia e sentido de humor. Em meu nome e em nome da Assembleia da República, apresento à sua Família e Amigos as mais sentidas condolências”, refere Eduardo Ferro Rodrigues.
OC
Timor-Leste: Morreu D. Basílio do Nascimento, bispo de Baucau