O valor supremo da família

Na XIV Semana de Estudos Teológicos, em Braga “O acompanhamento dos jovens esposos não é uma questão de inventar conteúdos novos ou percursos articulados” – defendeu o secretário-geral do Conselho Episcopal de Braga, Pe. António Sérgio Torres, na XIV Semana de Estudos Teológicos – Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, em Braga, subordinada ao tema “Olhares sobre a Família”. E acrescenta: “da grande maioria não podemos esperar encontrá-los na Igreja. Devemos ter fantasia e criatividade para os procurar nos lugares onde habitualmente vivem”. Numa intervenção sobre «Pastoral familiar», o orador falou na necessidade de um “investimento na preparação remota”, incluindo a da juventude, “ajudando a integrar todas as potencialidades e dimensões da pessoa, crescendo na maturidade humana e educando na consciencialização de que o matrimónio é um projecto vocacional”. Na opinião do sacerdote, “esta é claramente uma missão da pastoral de jovens”. De acordo com o conferencista, “não basta um tradicional curso pré-matrimonial, se não for iniciado um caminho de atenção pastoral a todo o tempo de noivado e se não houver uma acção conjunta entre a pastoral juvenil, vocacional e familiar, destinada a educar cada homem e mulher à fundamental vocação ao amor”. No encerramento da Semana de Estudos Teológicos, o Arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, disse que “temos que nos converter à família”, ao nível da dimensão biológica, mas também em termos de dimensão social e eclesial. “Se nos convertermos na dimensão eclesial conseguimos não ter medo dos desafios, mas encontrar a resposta mais conveniente para a família ter futuro” – sustentou. O prelado disse que durante os três dias de reflexão houve «dois pensamentos sempre presentes: a família tem futuro e o futuro passa pela família». «Se a família tem futuro, temos que ter fé nela e acreditar no valor que ela encerra. Mas para que o futuro passe pela família, todos temos que nos comprometer». “Apesar de todas as mudanças, transformações e revoluções ao longo da história, a família continua a ser dos valores mais valorizados pela sociedade”. A ideia foi apresentada por Engrácia Leandro, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, no segundo dia da XIV Semana de Estudos Teológicos. De acordo com Engrácia Leandro, que falou sobre as «Transformações da família na história do Ocidente», “a família é o espaço onde a pessoa é reconhecida como tal. É o espaço onde a pessoa pode ser aquilo que é”. Caracterizando a família actual, a oradora disse que ela “valoriza imenso o indivíduo”, apresenta “laços conjugais mais frágeis e laços parentais mais intensos, investe na promoção social do homem e da mulher e é menos hierárquica”. Na reflexão sobre “Paróquia e família”, Alfredo Teixeira, professor na Faculdade de Teologia de Lisboa, salienta que os bens simbólicos mais solicitados pelas famílias à paróquia são de “natureza ritual”. “A solicitação, pelas famílias, de bens rituais à paróquia, como baptizado, casamento e acompanhamento de defuntos, remete para uma experiência/religiosidade familiar”- disse. Nos censos da prática dominical de uma paróquia da cidade de Lisboa, Alfredo Teixeira verificou que, “de uma forma geral, as únicas assembleias dominicais onde a percentagem de residentes era maior que as de não residentes era onde estavam os mais pobres e mais velhos, ou seja, os que têm menos condições de mobilidade. As práticas de mobilidade podem conduzir a uma estratificação social das assembleias”. A maior revolução da família Até às décadas de 50 e 60 do ano passado, a família era “estável”. A partir dessa altura, “assistimos a uma transformação, mutação e revolução da família como em nenhuma época da história”. A “entrada paulatina, mas maciça, das mulheres no mercado de emprego”, o “declínio da influência dos suportes simbólicos no cidadão, nomeadamente a influência da religião cristã”, e o “avanço das descobertas científicas a nível médico, designadamente em termos de contraceptivos”, foram alguns motivos apontados por Engrácia Leandro para estas mudanças. O presidente da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas (APFN), Fernando Ribeiro e Castro, defendeu que “a conciliação entre vida familiar e trabalho é um problema do casal”. Os dois elementos devem ver como se organizar para conseguir essa conciliação e não cada um na sua carreira, afirmou o orador, que proferiu uma intervenção sobre “Parentalidade e relação de gerações”. O orador referiu ainda que “são gastos rios de dinheiro na guerra contra a família. É bom que abramos os olhos. A destruição da família dá muito dinheiro”.

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top