Ciclo de conversas nas dioceses portuguesas encerra-se com olhar sobre as tradições da Igreja Católica em Portalegre-Castelo Branco
Lisboa, 31 jul 2020 (Ecclesia) – O padre Nuno Folgado, diretor do Secretariado Diocesano da Pastoral de Portalegre-Castelo Branco, disse à Agência Ecclesia que as manifestações de cultura e religiosidade popular alimentam o “sentido de pertença”.
“A Igreja é fé e também é pertença. O facto de haver uma linguagem comum que se manifesta, que se concretiza numa forma de festejar, alimenta este sentido de pertença, mantém vivos os ritmos”, refere o sacerdote, pároco em Castelo Branco.
O entrevistado na última edição das conversas sobre ‘O Sagrado e as Gentes’ considera que uma das dimensões importantes da festa é o ritmo.
“As festas são as ‘praças’ do tempo, onde as ruas se cruzam, desaguam. Os dias normais são vividos cada um para o seu lado, cada um a tratar da sua vida, e os dias de festa são toda a gente a tratar de toda a gente, no melhor sentido da palavra”, precisa.
A Diocese de Portalegre-Castelo Branco tem um território que chega a vários distritos, numa diversidade que é uma “riqueza”, do Alentejo à Beira, chegando ao Ribatejo.
“É um tesouro que nos enche de orgulho e também de responsabilidade, porque não se guarda fechando a porta”, mas apenas vivendo as tradições, o que implica “respeitar o modo de vida onde elas nascem”, refere o padre Nuno Folgado.
Em todo o lado, a relação entre essa tradição como forma de transmitir é uma relação muito saudável. Na esmagadora maioria dos sítios por onde tenho passado, estas tradições são vivas, não são repetições estéreis”
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Uma das “maravilhas da Cultura Popular” neste território diocesano são os tapetes floridas nas igrejas e capelas da Vila de Sardoal, na Semana Santa, com desenhos alusivos às temáticas religiosas cristãs da Semana Santa e da Paixão de Cristo.
Miguel Borges, presidente do Município local, disse à Agência ECCLESIA, fala numa tradição muito antiga, que poderia vir “do tempo da Rainha Santa Isabel” (séc. XIII-XIV), com registos na imprensa desde o século XIX.
“É uma manifestação de arte popular, no âmbito da fé e da religiosidade”, indica o autarca.
O responsável fala num envolvimento comunitário “bonito de se ver”, com dezenas de pessoas envolvidas, incluindo associações e a própria escola local.
Estas “verdadeiras obras de arte” são expostas desde Quinta-feira Santa até ao Domingo de Páscoa, em cada ano, no que acaba por ser um momento “alto” de reencontro da população e de afirmação da identidade local.
Em 2018, a tradição foi partilhada, na solenidade do Corpo de Deus, com a população de Caminha (Diocese de Viana do Castelo).
A Câmara Municipal do Sardoal assume a intenção de preservar este património, que contribui também para o desenvolvimento local.
“A Capela de Nossa Senhora do Carmo, a única que é pertença do Município, vai ser o centro de interpretação da Semana Santa e do património religioso”, adianta Miguel Borges.
Ao longo do mês de julho, de segunda a sexta-feira, a Agência ECCLESIA divulgou tradições e manifestações onde “O Sagrado e as Gentes” se cruzaram – tanto ou vivência de festas e romarias ou na preservação do património, como na divulgação de tradições e culturas religiosas.
OC