Procissão na paróquia de Mouçós, em Vila Real, junta o «respeito» pela dimensão dos andores maiores do que o Santuário e o «esforço» dos transmontanos
Vila Real, 10 jun 2020 (Ecclesia) – O pároco de Lamares e Mouçós disse à Agência ECCLESIA que os andores da Procissão de Nossa Senhora da Pena, com mais de 22 metros de altura, resultam do “esforço” dos transmontanos, tentam “tocar os céus” e “aproximar de Deu”.
“O andor é enorme, tenta tocar o céus, mas o objetivo é aproximar-nos de Deus, numa relação ascendente e numa relação entre nós, irmãos”, afirmou o padre Márcio Martins nas Conversas na Ecclesia, sobre o “Sagrado e as Gentes”.
A Procissão de Nossa Senhora da Pena, em Mouçós, Vila Real, é uma das finalistas no concurso “7 Maravilhas da Cultura Popular” Portuguesa, tendo por singularidade o facto de incorporarem a procissão andores com mais de 22 metros de altura, já inscritos no livro do “Guinness”
“Os andores sempre foram grandes. Depois usava-se a estratégias de aumentar um metro, 20 centímetros, 30 centrímetros para dizer que todos os anos era o maior andor do mundo. Ultimamente, a grande preocupação já não tem sido essa, porque nos estava a desviar do essencial”, refere o padre Márcio Martins.
O pároco de Mouçós considera que “as pessoas foram tomando a verdadeira consciência que não importa ter um andor muito grande ou estar no Guiness”.
“O importante é que o que nós contruímos é para nos aproximar de Deus”, afirmou.
O padre Márcio Martins diz que “os andores são assustadores”, são “maiores do que o Santuário”, mas não é a preocupação com a altura que “move as pessoas”.
“Fazem o andor para que nos aproxime de Deus, para que nossa Senhora da Pena, mediadora da Salvação, nos eleve e nos aproxime do Céu”.
Associando-se à União de Freguesias de Lamares e Mouçós na apresentação da Procissão de Nossa Senhora da Pena a uma das maravilhas da cultura popular, o pároco de Mouçós quer valorizar uma festa que é “uma paixão” para as gentes de locais, distinguir “algo que é religioso” e continuar a afirmar a necessidade de seguir as indicações de segurança para andores que metem “respeito”.
A Procissão de Nossa Senhora da Saúde é composta por 14 andores, com os padroeiros dos vários lugares da freguesia, 11 dos quais são responsáveis por “fazer a festa”.
“Só pode fazer a festa quem no ano anterior levar o andor da padroeira. Essa é a passagem de testemunho de uma comissão de festas para a outra”, explicou o padre Márcio Martins.
Com mais doe 22 metros, os andores são transportados por cerca de 100 pessoas, onde “são muito mais importantes os homens das cortas” por garantirem o equilíbrio do andor ao longo do percurso.
“As pessoas de cá dizem que isto vai-se aprendendo com os anos e com o tempo. E isso verifica-se! O facto mais relevante foi ver os jovens, que têm também uma dimensão espiritual no sacrifício, no esforço de confiar na Senhora da Pena. E isso é também de ser valorizado, de ser acolhido”, afirmou o pároco de Mouçós, na Diocese de Vila Real.
Como a grande maioria das festas, este ano a Procissão de Nossa Senhora da Pena não se vai realizar, por causa da pandemia; a festa começa a preparar-se no início de agosto e realiza-se, na paróquia de Mouçós, no segundo domingo de setembro de cada ano.
Ao longo do mês de julho, de segunda a sexta-feira, a Agência ECCLESIA divulga um lugar on “O Sagrado e as Gentes” se cruza, seja vivência de festas e romarias, na preservação do património ou na divulgação de tradições e culturas religiosas, nomeadamente as que se encontram entre as finalistas às 7 maravilhas da cultura popular.
PR