O ambiente educativo dos tempos correntes “é marcado por uma visão estatal de orientação claramente laicista”. Apesar deste rumo, “foi preocupação nossa redesenhar com esmero a identidade da Escola Católica, profeticamente aberta a todos, participada, verdadeira comunidade educativa, sem desmerecer a sua qualidade” – salientam as perspectivas emergentes do I Congresso Nacional da Escola Católica, realizado em Fátima, de 13 a 15 de Novembro. “Escola Católica – proposta e desafio” foi o tema central desta iniciativa, levada a cabo pela Associação Portuguesa de Escolas Católicas (APEC), onde o trabalho desenvolvido não constituiu “uma questão religiosa ou confessional” mas “sim uma questão de liberdade”. As liberdades de ensinar e aprender são uma realidade que integra o âmbito dos direitos fundamentais da pessoa por isso “a nós compete o dever de exercer estas liberdades, ao Estado a obrigação de as garantir” – relata o documento final. Na sessão de encerramento deste congresso, contou com cerca de 9 centenas de participantes, o Pe. João Mónica, presidente da APEC, utilizou a parábola da praia e do mar. A praia é a educação, a vida nova que quer expandir-se e o mar são os adultos e “os governos também”. Na presença do Ministro da Educação, David Justino, o presidente da APEC pediu-lhe que “dê espaço á praia. Mas não recue tanto que a praia sem mar faz-se deserto”. Por sua vez, o Ministro da Educação transmitiu um sentimento e “não uma constatação científica: andamos a ensinar de mais e a educar de menos”. E avança: “esta responsabilidade não pode restringir-se à visão economicista, limitada e, em alguns casos, jacobina das propostas educativas” A Escola Católica para concretizar a sua missão, “na fidelidade à sua especificidade, tem de ser verdadeiramente escola e verdadeiramente católica”. Estas duas dimensões constituem as duas faces “da mesma moeda” e numa moeda as duas faces “são igualmente importantes e indispensáveis” – sublinham as perspectivas emergentes deste congresso. Ao nível dos apelos à Escola Católica, o Pe. João Mónica salientou três: “autenticidade, coerência e fidelidade”. Uma “dor de cabeça” – referiu o presidente da APEC mas” não deixa de ser empolgante” porque “a formação integral da pessoa humana exige trabalhar a dimensão do religioso, da transcendência e da interioridade” – afirma o documento final. As ideologias, os sistemas políticos e as civilizações “caiem” mas a escola católica “atravessou os séculos e sobreviveu ao tempo” – disse O Pe. Querubim Silva, Secretário Geral do Congresso. E conclui: “a escola católica nasceu para servir, tem servido e serve uma multidão, sem conta, de pobres e deserdados dos quatro cantos do mundo”.