O padre, hoje

Colóquio na Paróquia do Santíssimo Sacramento – Porto Decorreu na Paróquia do Santíssimo Sacramento, no Porto, no dia 11 de Julho, um colóquio subordinado ao tema “Ser Padre, Hoje”. As palestras, moderadas por Ernesto Campos, colaborador deste jornal diocesano, contaram com a presença de diversos leigos e sacerdotes, e do Grupo Coral do Santíssimo Sacramento que, sob a direcção de Pedro Norton, interpretou obras com textos de S. Tomás de Aquino e S. Bernardo, finalizando com a obra “Ó luz de eterna formosura”. O que espera a sociedade actual do padre? Como ser padre no século XXI? Foram questões como estas que serviram de mote ao debate, como preparação da comunidade paroquial para a ordenação sacerdotal do diácono Renato Poças, que aqui reside e trabalha desde 2005. O P. José Pereira Soares Jorge, pároco do Santíssimo Sacramento, deu início aos trabalhos e depois de ter apresentado os intervenientes no debate, agradeceu a presença de todos quantos participaram. O P. Jorge Madureira, do Secretariado Diocesano das Vocações e Ministérios, reflectiu sobre o perfil do presbítero. Por vezes, o padre ainda “continua a ser o evangelizador antiquado”, que governa e guia todos os âmbitos da vida humana, sobretudo o da consciência. É necessário um novo perfil, frisou, que ultrapasse a identificação que, no passado, era feita com a realeza. Não se pode restringir a visão do padre à assimilação com o perfil profético, nem, numa abordagem reducionista, mantê-lo numa dimensão sacerdotal, de “homem do templo”, que “dá o sagrado”. O núcleo do perfil do presbítero está na “representação sacramental e salvífica de Jesus Cristo”. O casal Filomena e Paulo Oswald debruçou-se sobre o padre enquanto ser em relação, na sua proximidade com a comunidade. O consumismo, a insegurança, a falta de compromisso por parte do Homem, a ausência do conceito de efémero e, como tal, de eternidade, a inexistência da noção de comunidade, são problemáticas do nosso tempo e às quais o padre não pode ficar imune. Cada vez mais o padre é um ser em missão, devendo inculturar-se, informalizar-se e formar comunidade: tal como o leigo, faz parte do grupo. A sua missão é congregar, incentivar, orientar, ajudar a descobrir a vocação. A reflexão do P. Carlos Alberto Pereira, cuja vocação nasceu na paróquia, salientou que o padre é “um homem de Deus e um homem dos homens”, é o “Homem de intimidade com Deus”. A exposição do casal Edith e Alfredo Andresen Guimarães incidiu sobre a influência dos vários padres na vida do casal e a sua inter-ligação com a família: “Qualquer sacerdote com quem tenha convivido é importante para mim”, explicou Alfredo Guimarães. Terminou, enfatizando a importância da oração na vida da família, pois é na Igreja doméstica que se criam e nascem as vocações. O P. Fernando Silva, um filho da Paróquia, cuja Missa Nova foi celebrada nesta comunidade e, desde 2001, pároco no Marco de Canaveses, discorreu sobre o “Padre-Pastor”. Deu testemunho da sua vivência, enquanto sacerdote, ao longo destes últimos 16 anos, desde Julho de 1992, momento em que foi ordenado presbítero. Recordou a frase que, então, escolheu como lema: “Vinde, exultemos de alegria no Senhor!” (Salmo 91) e salientou que só a persistência e o testemunho podem ser motores capazes de fazer frente à aparente “incapacidade do mundo para se tornar permeável à mensagem”. O ministério sacerdotal passa pela esperança e alegria, atitudes imprescindíveis ao sacerdote para encarar os problemas diários com que se depara. A encerrar, o Cónego Álvaro Manuel Mancilha Veteriano, Reitor do Seminário Maior do Porto, utilizando a frase escolhida pelo diácono para a sua ordenação, “Seduziste-me, Senhor, e eu deixei-me seduzir” (Jer 20,7), aproveitou para lembrar que “o padre é mais importante por aquilo que é, do que pelo que faz”.

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