O Natal como a grande Festa da Vida

Mensagem de Natal do Bispo do Algarve N’Ele estava a vida e a vida era a luz dos homens (Jo 1,4) Aos meus caros diocesanos e a quantos escolhem o Algarve para passar esta quadra festiva, quero dirigir uma mensagem amiga e o convite a celebrarmos o Natal como a grande Festa da Vida. Nesta quadra natalícia, independentemente do nosso credo, da nossa cor política ou posição social, convergimos todos para a formulação de votos que exprimem a aspiração mais humana e mais genuína, que gostaríamos de ver concretizada à nossa volta, a começar por aqueles a que estamos ligados por laços de sangue, de amizade, de profissão, bem como em todo o mundo, particularmente nos países onde a violência e a morte de tantos inocentes se transformam em notícia banal de todos os dias. Se há um tempo no ano em que nos sentimos membros e irmãos da grande família humana, esse é seguramente esta quadra natalícia. E tudo isto, porque na criança frágil de Belém, simbolicamente evocada em todos os presépios do mundo, contemplamos o que melhor define a pessoa humana. Ele, que é Deus, faz-se o que nós somos, para que tenhamos acesso ao que Ele é. A vida que brota do mistério da encarnação do Verbo de Deus, ajuda-nos a entender, de modo mais pleno, a nossa humanidade, bem como os valores que, quando promovidos e defendidos, contribuem para tornar este mundo mais solidário e mais fraterno. Esta quadra tem o condão de criar em todos um “parentesco espiritual”, congregando-nos numa única e grande família, participante do mesmo bem fundamental: o dom da vida que somos chamados a preservar desde o seu início até ao seu termo natural. Deus é a fonte da vida. Ele vive desde sempre e para sempre (cf Ap 10,6; 15,7). “N’Ele vivemos, nos movemos e existimos” (Act 17,28). Toda a vida é uma participação da vida divina. O dom divino da vida atinge a sua expressão máxima em Jesus Cristo. Ele é a vida (cf Jo 14,6). Comunicar a vida e fazer viver é a razão de ser da sua missão: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Ele, como Filho eterno de Deus, participa, desde a eternidade, na plenitude da vida: N’Ele estava a vida e a vida era a luz dos homens (Jo 1,4). Vida que se torna presente na humanidade pelo seu nascimento, e atinge a sua plenitude na ressurreição. Acolher, promover, defender, festejar a vida como o dom por excelência de Deus é a grande lição que podemos aprender em cada Natal e em cada nascimento de um novo ser humano. A mulher que transporta em si um filho não desejado merece muito mais do que a possibilidade de suprimir, legalmente, a nova vida em si gerada e que iniciou já o seu processo normal de desenvolvimento. Merece ser acolhida, compreendida e ajudada, pela sociedade e também pelo Estado, a superar, com todos os meios, as causas da rejeição daquele filho. O carácter sagrado da vida e a dignidade da mulher contradizem a supressão dessa nova vida como única solução. Esta opção é sempre geradora de um novo drama, com marcas que o tempo não consegue apagar. A vida não se referenda, defende-se em todas as situações; a vida não se plebiscita, promove-se hoje, como ontem. A vida não se interrompe pois quem o fizer jamais poderá retomar o seu processo normal de desenvolvimento. Classificar como “progresso” a destruição legal da vida humana é, seguramente, sintoma de uma inversão de valores. É preocupante verificarmos que opções, antes rejeitadas pelo sentido moral comum, se vão gradualmente tornando protegidas pela lei. Estamos diante de uma nova situação cultural, um confronto civilizacional, em que se justificam os atentados contra a vida em nome dos direitos da liberdade individual. Com este pressuposto pretende-se a protecção legal da prática do aborto com total liberdade, até às dez semanas, e a participação gratuita dos Serviços de Saúde. Se bem que a questão da defesa da vida humana não se reduza a uma questão religiosa, na medida em que constitui um valor inviolável para todos os homens e mulheres, crentes ou não, quero exortar todos, de modo particular os católicos do Algarve a assumirem a primeira linha na rejeição desta proposta de supressão da vida humana. A nossa opção e o nosso testemunho devem ser claros e inequívocos: sempre e em todas as circunstâncias somos chamados a defender e a promover a cultura da vida. Desejo a todos um SANTO E FELIZ NATAL e um NOVO ANO ao serviço da Vida. D. Manuel Neto Quintas, Bispo do Algarve

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top